A prosa foi por telefone. Voz, entonação, boas risadas… Mudança. Só que com o contato visual fora de moda e as impersonalidades à flor da pele, permanecer na vanguarda dos tempos atuais é para poucos.
É para o ator Guilherme Leme, o “Meursault” do Escritor e romancista franco-argelino Albert Camusque volta aos palcos em nova produção do monólogo “O Estrangeiro” – romance adaptado da década de 1940, em exibição no Teatro do Parque neste sábado (23) e domingo (25).
Dirigida por Vera Holtz, como ocorreu na primeira produção da peça, em 2009 – com circulação em todo o país há pelo menos três anos e finalizada em Festival de Edimburgo (Escócia) – a “nova versão” agora intitulada “The Foreigner_Reloaded”, ganha outros tons, cores, figurinos e leituras realizadas por Guilherme.
Traz à tona, em uma narrativa intensa que percorre a trajetória do personagem de Camus, um homem que encara a realidade com indiferença, até perder a mãe, tornar-se assassino, ir a julgamento e ser condenado à morte.
Uma ocasião em que a práxis banal de Camus dá lugar ao absurdo.
“Achei que já tinha cumprido a missão de divulgar a peça por uma longa temporada, até que me deparei com um convite para voltar com ela.
Conversei com Vera (Holtz), minha parceira de longa data, e disse que não estava nem um pouco animado em subir ao palco para fazer a mesma coisa. Eu só faria isso se tudo fosse diferente”, afirma Guilherme.
E assim foi feito, e tudo foi movido. Tal como o mundo 15 anos após a primeira assembleia.
“Desde a nossa estreia, tudo mudou. Guerras, pandemiativemos que dar outra olhada. Escrever o mesmo texto, já tão potente, mas com adaptações”, destaca o ator, que cria arte há mais de quatro décadas.
Existencialismo de todos nós
“É impossível você pensar em uma pessoa viva na terra, que um dia não parou e pensou: que mundo é esse?”
Na verdade, não existe. E é nessa perspectiva que certamente o público se aproximará ainda mais do texto que será apresentado por Guilherme – afinal, o existencial é (muito) visível aos olhos, aos pensamentos e ao coração.
“Ele é um personagem muito, muito profundo, dentro da sua crueza, da sua simplicidade, do seu não se importar com nada da vida diante de tudo.
Mas ele tem uma carga de consciência (…) na verdade nós somos isso, puro existencialismo”, reforça Guilherme, que por acaso é ator neste monólogo, mas entre suas facetas na arte já trabalhou até com tintas, como plástico artista.
Vera Holtz, da alma
“Vera é minha alma e companheira de vida, sabe? Conheci a Vera trabalhando em teatro, depois fizemos novela (…) Ela era minha namorada, mas a amizade falou mais alto. Viajamos pelo mundo em exposições, vamos a tudo Bienal, criamos muita cumplicidade.
Eu dirigi ela, ela me dirigiu, e dirigimos várias peças juntas”, diz, encerrando seu discurso sobre a atriz, com um depoimento: “Sozinho estou bem, mas com você estou melhor”.
Velho ator, jovem diretor
“Olha, eu tenho 40 anos de carreira como ator e 20 anos como diretor, então me considero um ator antigo e nos últimos anos, o diretor jovem, ele tem falado mais alto, sabe?”, ele confessa, assumindo que apesar de sua condição de veterano em palcos e outros espaços, ainda sente frio na barriga nas estreias
E no Recife, “O Estrangeiro_Recarregado”, desembarca pela primeira vez. E portanto…
“Em qualquer peça que fazemos, sempre parece que é a primeira vez. Cada vez que você volta, é um retorno artístico. Estive no palco por um tempo, cerca de três ou quatro anos, mas eventualmente voltei como ator.
É um pouco como o vinho, melhora com o tempo e na arte a gente volta com mais camadas, sempre tem um visual novo”, finaliza Guilherme que, recifense, guarda lembranças da adolescência.
“Quando eu era jovem, minha prima morava em Olinda, casou-se com um rapaz da cidade e fui visitá-la diversas vezes. Acho que a primeira viagem de carro que fiz foi para Nordeste e fiquei em Recife. Me apaixonei”, admite o ator e diretor. E além de voltar aqui a trabalho, ele também vai explorar o litoral.
“Porto de Galinhas, Maracaípe, Muro Alto… Tem Carneiros também, né? eu vou”!
Serviço
“O Estrangeiro_Reloaded”, com Guilherme Leme
Quando: neste sábado (24) e domingo (25), às 19h
Onde: Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Ingressos a partir de R$ 60 via Sympla
Informações: (81) 9 9488-6833
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