O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), aliado de Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais, disse ao Estadão que continuará apoiando a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) a prefeito de São Paulo. Ele conversou com a repórter na noite desta quinta-feira, 22, após a enxurrada de críticas feitas pelo ex-presidente e seus filhos ao influenciador.
Bolsonaro apoia a reeleição de Ricardo Nunes (MDB). Embora já tenha flertado com Marçal no passado, o ex-chefe do Executivo mudou esta semana de postura e passou a atacar o candidato do PRTB. Como mostra o Estadãoa popularidade do influenciador entre os eleitores do ex-presidente causa temor entre os líderes bolsonaristas de que Marçal tenha força para dividir a direita e se tornar um adversário no futuro.
“Continuo 100% com o Bolsonaro, mas nessa questão optei pelo Marçal. E o Bolsonaro também não fez nenhuma consideração comigo, entendeu? Não me identifico com o Nunes”, disse Cleitinho, acrescentando que tem amizade e foi já conversando com Marçal “há dois, três anos”. “Eu aprecio muito isso”, ele continuou.
Tal como acontece com Marçal, as redes sociais são a principal ferramenta de comunicação de Cleitinho com os seus eleitores. Com 1,8 milhão de seguidores, o senador perde apenas para Nikolas Ferreira (PL-MG), com 11,4 milhões, e André Janones (Avante-MG), com 2,2 milhões, em presença no Instagram entre políticos mineiros.
O suporte ao Marçal não se limita à internet. Cleitinho afirma que conversa frequentemente com o ex-técnico e dá sugestões para a campanha à prefeitura de São Paulo. “Sempre falo com ele: você já tem um engajamento muito forte na rede social, mas vá para o centro da cidade, fique no meio do povo. Deixe o povo te ver”, disse Cleitinho.
Em vídeo publicado nesta segunda-feira, 19, Cleitinho grita para que políticos de direita saiam em defesa do candidato do PRTB. Ele menciona o relatório do Estadão o que demonstra que o Ministério Público Eleitoral solicitou a suspensão da candidatura do influenciador, a quebra do sigilo bancário e sua inelegibilidade por oito anos, por considerar que há abuso de poder econômico.
A Justiça Eleitoral ainda não se pronunciou sobre o pedido. Em outra ação, um pedido de liminar para suspender a candidatura de Marçal foi negado nesta quarta-feira, 21. O secretário-geral do PRTB, Marcos André de Andrade, argumenta que a candidatura do influenciador é irregular porque ele não teria cumprido a exigência do partido estatuto que determina que os candidatos devem estar filiados pelo menos seis meses antes da eleição.
“Ele está mudando a estrutura do sistema. Peço que todos vocês, políticos de direita, deputados federais, senadores de direita, fiquem do lado dele. ou outra pessoa, não. É por isso que estão fazendo isso com ele, assim como fizeram com o Bolsonaro”, diz Cleitinho na gravação.
O senador mineiro também recebeu o influenciador em seu gabinete no Senado, em Brasília, no início de junho. “É uma honra recebê-lo aqui no escritório. Você já é, mas será um dos maiores líderes políticos do Brasil”, disse Cleitinho na época. “Conte comigo para o que acontecer”, comentou Marçal na publicação.
Cleitinho trabalhava como vendedor na mercearia da família em Divinópolis (MG) quando foi eleito vereador em 2016. Em seguida, foi eleito deputado estadual em 2018 e, nas eleições municipais de 2020, lançou o irmão gêmeo como candidato a prefeito de a cidade e seu irmão mais velho como candidato a vereador. Ambos foram eleitos.
O caminho de Cleitinho se cruzou com o de Bolsonaro apenas em 2022. Na primeira eleição com apoio do ex-presidente, elegeu-se senador por Minas Gerais com 41,5% dos votos, contra 35,8% do atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira ( PSD), cujos aliados eram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
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