Fuga de ex-prefeita acusada de ser espiã da China causa revolta nas Filipinas

A fuga de um ex-prefeito acusado de estar envolvido em esquemas de tráfico de pessoas e de ser espião da China gerou indignação nas Filipinas.

O presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., declarou esta semana que “cabeças vão rolar” depois que as autoridades admitiram que Alice Guo deixou o país sem ser detectada há cerca de um mês, viajando para a Malásia, Cingapura e Indonésia. A informação é da BBC.

Segundo o relatório, Alice Guo era prefeita da cidade de Bamban, ao norte da capital Manila. Ela está no centro de uma investigação desde que, em março, uma operação policial encontrou cerca de mil trabalhadores vítimas de tráfico de pessoas em uma propriedade do município.

Segundo o The Guardian, também foi encontrado um túnel subterrâneo que levava a terrenos pertencentes a Alice Guo.

Alice é acusada de permitir que redes de tráfico humano e “scam centers”, call centers especializados em fraudes telefônicas ou na Internet, operassem em sua cidade sob o disfarce de cassinos virtuais.

Quando foi chamada para prestar esclarecimentos a uma comissão do Senado filipino, dados da sua certidão de nascimento e informações fornecidas por Alice sobre a sua infância geraram suspeitas entre os senadores de que ela poderia ser uma espiã a trabalhar para a China.

Segundo o The Guardian, ela só foi registada aos 17 anos e a sua mãe, que aparece no documento como Amélia Leal, parece não ter existido. Seu pai, listado como filipino, era, segundo o ex-prefeito, chinês.

A polícia apresentou queixas criminais contra ela, enquanto o órgão anticorrupção das Filipinas a demitiu do cargo alegando “má conduta grave”.

Alice negou todas as acusações, mas foi presa quando não compareceu quando foi chamada para depor novamente. Seu advogado afirma que ela ficou “traumatizada” com a investigação.

A BBC destaca que o presidente Ferdinand Marcos Jr. disse que a fuga “revelou a corrupção que mina o nosso sistema de justiça e corrói a confiança do povo”. Ele também ordenou o cancelamento do passaporte filipino de Alice e prometeu “expor os culpados que a ajudaram a escapar”.

O Gabinete de Imigração do país, que afirmou ter descoberto as viagens de Alice ao estrangeiro através de fontes de inteligência, afirma que ela deixou as Filipinas “ilegalmente” e não passou pelos controlos fronteiriços.

O Guardian relata que o episódio ocorre num momento de tensão entre a China e as Filipinas, em que os dois países trocam acusações na disputa pelo controlo do Mar do Sul da China.