Empresas de 17 setores da economia e municípios com menos de 156 mil habitantes poderão ter que voltar a pagar o imposto previdenciário sobre a folha de pagamento a partir do próximo ano. A proposta que prevê a reposição gradual da folha salarial foi aprovada no Senado na última terça-feira (20), mas ainda precisará ser analisada pela Câmara dos Deputados e sanção presidencial para entrar em vigor.
A política de isenção fiscal foi criada em 2011 como forma de cobrar menos impostos a empresas de setores específicos. Em vez de pagar 20% de INSS para os empregados com carteira assinada, as empresas beneficiadas podem optar pelo pagamento de contribuições sociais sobre a receita bruta, com alíquotas de 1% a 4,5%.
O projeto aprovado pelo Senado mantém integralmente a desoneração da folha de pagamento para esses setores em 2024 e prevê desoneração tributária gradual entre 2025 e 2027. Nesse período, também haverá redução gradual da arrecadação de impostos sobre o faturamento das empresas.
Pelo projeto, a partir de 2025, os impostos sobre a folha de pagamento terão alíquota de 5%. Em 2026 serão cobrados 10% e, em 2027, 20%, quando terminará a isenção. Durante toda a transição, a folha de pagamento do décimo terceiro salário continuará isenta integralmente.
No ano passado, o Congresso havia aprovado a manutenção da desoneração da folha de pagamento até 2027, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou trechos da Lei 14.784, de 2023. O Congresso derrubou o veto e o governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que determinou prazo até setembro 11º para Congresso e Executivo buscarem acordo sobre a isenção.
Empregos
A ideia inicial da política de desoneração da folha de pagamento era reduzir os custos trabalhistas e incentivar a contratação de funcionários desses setores, considerados os maiores empregadores.
Empresários afirmam que o fim da isenção tributária pode resultar na redução de empregos. Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considera um “privilégio” a isenção total da folha de pagamento em alguns setores e afirma que a medida, que seria temporária, não atendeu ao objetivo de aumentar as vagas de emprego.
Artigo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os setores beneficiados pela medida não são os que mais empregam no país, nem estão entre os campeões da criação de empregos formais nos últimos 10 anos.
Os setores beneficiados são: calçados, central de atendimentocomunicação, vestuário/vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, couro, fabricação de veículos e carrocerias, máquinas e equipamentos, proteína animal, têxtil, tecnologia da informação, tecnologia de comunicação, projeto de circuitos integrados, transporte metroferroviário de passageiros, transporte público rodoviário e transporte rodoviário de mercadorias.
Compensação
O texto aprovado pelo Senado prevê ainda oito medidas para compensar a perda de arrecadação da União em razão da isenção tributária. Segundo o Ministério da Fazenda, o impacto da desoneração da folha de pagamento em 17 setores da economia e pequenos municípios será de R$ 18 bilhões em 2024.
As medidas foram incorporadas ao projeto após acordo entre governo e Congresso.
Entre as soluções temporárias propostas estão a captura de depósitos esquecidos em contas judiciais há mais de cinco anos, a abertura de um novo prazo para repatriação de recursos ao exterior com alíquotas menores, a possibilidade de regularização da declaração de Imposto de Renda, com desconto no encargo e programa de descontos para empresas que possuem multas pendentes de órgãos reguladores.
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