O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviou nesta terça-feira ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em que acusa o órgão regulador de “inércia” na análise de medidas relacionadas ao setor e ameaça a adoção de “medidas” se a situação persistir. O ministério afirma ainda que poderá “intervir”.
Procurada, a Aneel informou apenas que responderá ao Ministério de Minas e Energia (MME) no prazo de cinco dias. O MME, por sua vez, disse que não comentaria o assunto.
No documento enviado ao diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, Silveira diz que há uma “omissão crônica” por parte da agência em cumprir prazos específicos que podem prejudicar o setor elétrico. O ministro dá prazo de cinco dias para o órgão responder.
Silveira reclama do que considera um atraso na aprovação da nova governança da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e na divulgação do impacto tarifário percebido pelos consumidores do pagamento antecipado de um empréstimo.
Ele reclama também de um suposto atraso nos contratos de publicação e da atuação da Aneel na política de compartilhamento de postes — neste momento, a Aneel decidiu extinguir o processo que tratava da regulamentação da matéria, que havia sido formulado em conjunto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“A persistência deste estado de coisas obrigará este Ministério a intervir, adoptando medidas para averiguar a situação de inércia prolongada da Direcção em lidar com os atrasos que infelizmente têm caracterizado a situação actual, traduzindo uma situação de gravidade insustentável, que prenuncia o compromisso de políticas públicas e pode até implicar responsabilidade para este Conselho”, diz a carta.
Além disso, outro ponto que desagradou ao comandante da pasta de Minas e Energia foi a exposição pública das divergências entre os dirigentes da Aneel. Em agosto do ano passado, dois diretores desistiram de uma reunião após discordarem da nomeação de um procurador pela Advocacia-Geral da União.
Em abril deste ano, outro episódio expôs publicamente a cisão no órgão, quando diretores reclamaram de declaração do diretor-geral sobre o congelamento das tarifas do Amapá.
A insatisfação de Silveira com as agências sob a égide de sua pasta também se tornou pública. Em audiência na Câmara dos Deputados na semana passada, Silveira disse que há “um boicote ao governo” por parte das agências reguladoras.
“O povo brasileiro está pagando caro pela cooptação literal e inadequada das agências reguladoras”, acrescentou o ministro na época.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva também deixou claro seu descontentamento com os reguladores.
“As agências reguladoras, que foram criadas para regular, são quem decidem as políticas públicas, quem regulamenta é o governo. Elas foram assumidas pelo mercado e pelos empresários. “, disse Lula em entrevista à Rádio T na última sexta-feira.
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