Marcado pela ausência de metade dos convidados, o debate promovido pela revista Olhar Nesta segunda-feira, 19, o não comparecimento de candidatos a prefeito de São Paulo foi um dos temas mais citados entre os adversários no confronto. Em uma das menções ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), um dos ausentes, o empresário Pablo Marçal (PRTB) citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia a reeleição do emedebista. Segundo ele, Bolsonaro não iria “se engolir” e comparecer ao debate.
“Você que precisa de uma vida nova e diferente aqui na cidade de São Paulo, imagine ter um prefeito que não vem ao debate. Imagine o cara que está apoiando ele, que é o presidente Bolsonaro, você acha que ele estaria disposto a participar de um debate como esse? Por que esse cara que é prefeito e foi jogado lá está tentando se envolver em um debate político?” perguntou Marçal.
Bolsonaro, porém, já faltou diversas vezes aos debates durante sua primeira campanha presidencial, em 2018. Após ser esfaqueado no dia 6 de setembro daquele ano, em Juiz de Fora (MG), o candidato não compareceu mais aos debates. do primeiro e segundo turno das eleições, mesmo após receber alta e sair do hospital, no dia 29 de setembro.
Na época, a Rede Bandeirantes trabalhava na possibilidade de realizar o encontro no Rio de Janeiro, onde morava o então candidato. Dias depois, porém, a equipe médica proibiu a participação de Bolsonaro no confronto, porque ele ainda se recuperava de uma anemia, segundo os médicos.
No primeiro turno, o então candidato participou de apenas dois debates, perdendo os cinco seguintes. No segundo turno, ele não compareceu às seis partidas agendadas pelas emissoras de TV, mesmo já tendo sido liberado pela equipe médica.
Em 2022, ao tentar a reeleição para o Planalto, Bolsonaro participou de debates e também faltou às audiências marcadas pelos jornais.
Naquela eleição, foi a vez de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário, não comparecer a dois dos confrontos. Sem o petista, os debates do dia 21 de outubro, promovidos pelo Estadão em parceria com Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil, e no dia 23 de outubro, na TV Record, foram transformadas em entrevista com o então presidente Bolsonaro.
Perguntas ‘terceirizadas’
Repetindo o primeiro encontro entre os candidatos a prefeito de São Paulo, as redes sociais voltaram a ter papel importante no debate desta segunda-feira. Desta vez, porém, foram utilizados de forma atípica por um dos candidatos, numa espécie de “terceirização”.
Pablo Marçal optou por não responder a várias perguntas que lhe foram feitas, convidando os eleitores que acompanhavam o debate a irem às suas redes sociais para obterem uma resposta.
“Proponho aqui, Tabata, que a pergunta que você fez seja respondida no Instagram, mas vou ler as 28 principais propostas para a cidade de São Paulo. Espero não ser deselegante com isso, mas sua pergunta será respondida logo após o debate”, disse o candidato após ser questionado pela opositora Tabata Amaral (PSB) sobre a situação de insegurança alimentar na cidade.
Além disso, o ex-técnico convocou os eleitores pelo menos outras oito vezes para que acessassem seus perfis nas redes sociais. Em comparação, a deputada federal fez o convite apenas duas vezes, mesmo número da outra candidata presente no confronto, a economista Marina Helena (Novo).
Durante o primeiro debate no início do mês, Tabata e o deputado federal do PSOL, ausente desta terceira reunião, Guilherme Boulos, divulgaram suas redes sociais como apoio ao que diziam ao público, mas não como substituto para respostas.
A estratégia de Marçal foi criticada pelo deputado em diversos momentos do debate. Tabata sugeriu que desta forma um assessor da equipe adversária pudesse responder por ele, utilizando ferramentas de busca para compor as respostas.
“Essa mesma covardia que estamos vendo principalmente do Nunes e do Boulos, vemos também aqui com o Marçal, quando ele se recusa a responder as minhas perguntas e coloca tudo nas redes sociais, porque deve ter alguém ali pesquisando e formulando a pergunta para ele”, disse o deputado.
Em outra investida, o deputado disse que o empresário é “aquele aluno que só aceita fazer a prova com consulta”. “Ele só responde depois que o assessor vem falar no ouvido dele. Ou ele só aceita responder na rede social porque, claro, tem uma equipe fazendo um Google (NASDAQ :). quer um prefeito que governe o Google, porque você não conhece a cidade, não tem experiência nem preparo?”, disse ela.
Como mostra o Estadão com base em estudo da FGV Comunicação Rio, durante o primeiro confronto, Marçal concentrou a repercussão das maiores polêmicas, sendo o candidato com maior volume e engajamento em todas as redes, com 91 postagens no período analisado, seguido por Boulos (61) e Tabata Amaral (49).
Os candidatos realizaram 238 postagens, gerando 5,1 milhões de interações – 85% ocorreram no Instagram. Neste terceiro debate com a nova estratégia, Marçal referiu-se especificamente a esta rede social, informando o seu “at” aos eleitores em sete ocasiões.
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