O secretário executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, disse nesta segunda-feira, 19, que arrecadar receitas para cumprir a meta de superávit primário é “complicado”, pois envolve aumento de impostos ou da carga tributária. Segundo ele, essa agenda exige cuidado, pois pode ter implicações, inclusive na produtividade da economia, com efeitos até de queda de arrecadação.
Durante transmissão ao vivo promovida pela Bradesco (BVMF:) Asset, Guimarães mencionou que o reajuste da sonegação fiscal feito no ano passado foi importante para a recuperação da arrecadação. A partir de agora, segundo ele, é preciso reduzir os gastos totais do Orçamento.
O secretário reiterou que a equipe econômica permanecerá vigilante na agenda de revisão de gastos para alcançar um equilíbrio positivo nas contas públicas.
O objetivo, segundo ele, é permitir que o governo gaste menos sem deixar a população desatendida. Guimarães também reforçou a necessidade de realizar uma revisão sustentável para evitar a judicialização.
Incentivo aos ministérios para realizarem trabalhos de revisão de despesas
O secretário executivo do Ministério do Planeamento afirmou ainda que o departamento tem trabalhado, através de incentivos dentro do governo, para incentivar todos os ministérios a realizarem trabalhos de revisão de despesas. O objetivo é que os órgãos informem não apenas a projeção dos gastos, mas ações para revisá-los.
Ele explicou que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025 incluirá um anexo específico para detalhar a agenda de revisão de gastos. O objetivo, segundo ele, é dar maior transparência e mostrar o tamanho do esforço fiscal do governo.
Guimarães reiterou que houve uma rápida aceleração dos gastos obrigatórios que precisam ser revistos, como ocorreu com o Proagro.
Ele lembrou que diversas medidas foram tomadas, inclusive no âmbito do Conselho Monetário Nacional (CMN), para conter o aumento das despesas com o programa.
Nos próximos anos, segundo ele, é esperada uma economia de R$ 2 bilhões com o Proagro. “É importante destacar o tamanho desta economia, em quatro anos teremos entre R$ 8 e R$ 9 bilhões de economia, deixando claro o entendimento de que se esse trabalho não tivesse sido feito, os gastos com o programa seriam muito maior”, disse ele. “Essa transparência será importante para eliminarmos algumas das incertezas que às vezes temos sobre os gastos públicos brasileiros”, acrescentou.
Precatórios
O secretário executivo do Ministério do Planejamento afirmou que é importante reduzir os gastos com precatórios até 2027, período em que esse gasto fica fora da regra fiscal, para pensar em uma forma de acomodá-lo no orçamento público.
“Os precatórios ficam parcialmente fora das regras fiscais até 2027, mas eles voltam. É importante que até lá reduzamos esses precatórios e, paralelamente, comecemos a pensar em uma forma de acomodá-los dentro do orçamento público. também que entre nas regras fiscais de forma moderada, controlada, e que não prejudique outras despesas”, disse Guimarães.
Destacou o trabalho de revisão de gastos e transparência que tem sido feito pelo governo, com um grupo de trabalho interministerial. “Não podemos aceitar que a sociedade brasileira, o Estado brasileiro, gaste tanto com sentenças judiciais”, disse.
Os gastos com precatórios foram mapeados para que fosse possível entender os motivos desses gastos e como reduzi-los. Ele citou como exemplo que apenas a antecipação de precatórios feita neste ano gerou uma economia de cerca de R$ 2 bilhões em poucos meses, apenas por desobrigar a União do pagamento de juros e correção.
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