Um debate entre representantes de organizações comunitárias de Salvador, acadêmicos e membros da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, marcou o início das atividades do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) Juventude na capital baiana, nesta segunda-feira (19).
Coordenado pela Senad, o Pronasci Juventude busca reduzir os índices de violência letal contra adolescentes e jovens negros de 15 a 24 anos; prevenir o uso nocivo de álcool e outras drogas pelo segmento, bem como seu envolvimento com o crime organizado. As ações envolvem a proteção social de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, por meio do incentivo ao aumento da escolaridade, da formação técnico-profissional e da inclusão produtiva no mercado formal de trabalho.
Na semana passada, a Senad já havia promovido o início dos trabalhos do programa na cidade do Rio de Janeiro. As capitais da Bahia e do Rio de Janeiro são as primeiras a receber o Pronasci Juventude, pois sediaram o projeto piloto que a secretaria nacional realizou nos últimos meses, em parceria com os ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego e a Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz).
Inicialmente, o programa beneficiará 1.500 “adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade agravada e especialmente expostos ao abuso de substâncias psicoativas” das regiões de Manguinhos, Maré, Penha e Alemão, no Rio de Janeiro, e outros 500 de Arenoso, Paripe, Nordeste de Amaralina, Liberdade e Fazenda Coutos, em Salvador. A iniciativa prevê que cada jovem receba uma bolsa de formação no valor de R$ 500 por mês durante 12 meses.
De acordo com o Plano de Trabalho Inicialmente, as ações do Pronasci Juventude estarão focadas em “territórios identificados por altos índices de violência letal, com ações de proteção social, aumento da educação e capacitação profissional, a partir da oferta de alternativas para o desenvolvimento humano e sustentável”.
“Estamos falando de um programa que está realmente olhando para os jovens em situação de vulnerabilidade mais grave, que chamamos de vulnerabilidade sociorracial”, declarou a secretária da Senad, Marta Machado, ao abrir, esta manhã, em Salvador, o evento técnico que marcou o início do programa na capital baiana, destacando o engajamento da rede de institutos técnicos federais para viabilizar a iniciativa.
“Esta poderosa rede permitirá [posteriormente] o programa atinge todo o país. Estamos começando [a implementar o programa] quase simultaneamente em Salvador e Rio de Janeiro […] e já negociando a expansão, ainda este ano, para as regiões Norte e Centro-Oeste”, acrescentou Marta, antecipando que a Senad já vem discutindo a possibilidade de implementação do Pronasci Juventude em Manaus e no Distrito Federal. “A ideia é que o programa alcance todo o país a partir do próximo ano, principalmente as cidades mais afetadas pela letalidade.”
Programa
O Pronasci Juventude está sendo implementado no âmbito do Pronasci II, macroprograma de segurança pública que o governo federal lançou em março de 2023 e que estabelece cooperação entre a União e os entes federados em ações desenvolvidas com recursos dos Fundos Nacionais de Segurança Pública (Fnsp), Nacional Penitenciária (Funpen) e Nacional Antidrogas (Funad).
“Para construir esta política, analisamos alguns dos problemas fundamentais que queremos atingir, como os efeitos do encarceramento em massa de jovens negros e periféricos causados pela política de drogas; o efeito de letalidade violenta produzido para esse mesmo público; o efeito da exploração do trabalho infantil pelo crime organizado nos nossos territórios periféricos e também sobre a questão do consumo problemático de substâncias por jovens vulneráveis. Olhando para outros programas existentes e experiências bem-sucedidas, montamos um modelo de política que pretendemos que seja nacionalizado e estatal”, acrescentou o coordenador-geral de Projetos Especiais sobre Drogas e Justiça Étnico-Racial do Ministério da Justiça e Segurança Pública. , Lívia Casseres, revelando que o ministério estuda propor regulamentação legislativa do projeto, transformando-o em lei.
“Uma política de Estado perene, sólida e racializada, pois não é uma política que pretende atingir nenhum jovem, de forma inespecífica e sem metodologia própria. ou sistema prisional, já teve algum envolvimento criminoso, já sofre algum problema de uso problemático de substâncias ou já sofreu alguma vitimização, seja violência doméstica ou institucional”, finalizou Lívia.
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