Há 40 anos, o apresentador Silvio Santos, falecido neste sábado, e o diretor teatral José Celso Martinez, conhecido como Zé Celso, falecido em julho do ano passado, brigaram por um terreno no entorno do Teatro Oficina (de propriedade do diretor), que pertencia a Sílvio. O apresentador comprou o terreno com previsão de construção de um prédio com mais de 100 metros de altura para o Grupo Silvio Santos, e o diretor entrou na Justiça para impedir.
Em 2016, um projeto de construção de três torres da Sisan, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, foi proibido pelo Condephaat, mas no ano seguinte a decisão foi revertida. Silvio e Zé se encontraram em diversas reuniões, mas não houve solução consensual.
Em uma delas, à qual o vídeo “Folha de S. Paulo” teve acesso, Silvio teria sugerido um destino para seu terreno: “Minha secretária deu uma boa ideia, colocamos ‘drogalândia’ lá, como é, Cracolândia, e o drogado que mais se destacar no dia ganha um prêmio.”
Um “abraço” no bloco Oficina, convocado pelo diretor, reuniu mais de mil pessoas em 2017, entre elas o apresentador Marcelo Tás, o ator Sérgio Mamberti, o cantor Otto e o então vereador Eduardo Suplicy.
No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibiu a prefeitura de autorizar a construção de um empreendimento imobiliário com mil apartamentos no terreno, que havia sido aprovado pelos órgãos de preservação municipais. Um projeto de criação do Parque do Bixiga (que seria negociado por meio de permuta de terreno com Silvio Santos) foi aprovado em duas votações, mas acabou vetado em 2020 pelo prefeito em exercício Eduardo Tuma. O Grupo Silvio Santos recorreu para segunda instância.
Ao se casar em junho de 2023 com o diretor Marcelo Drummond, Zé Celso convidou Silvio Santos para a cerimônia, dizendo que esperava receber de presente a doação do terreno à Oficina. O casal também planejava plantar um ipê que ganharam de presente de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, que o plantariam no terreno vizinho ao teatro. Porém, a empresa Residencial Bela Vista, do Grupo Silvio Santos, entrou com liminar, no dia da cerimônia, para impedir qualquer tipo de ação sobre o terreno, sob pena de multa de R$ 200 mil em caso de descumprimento .
No mês passado, a Prefeitura, a Uninove e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) chegaram a um acordo para adiantar o pagamento de quase R$ 65 milhões dos recursos necessários à desapropriação da área no centro de São Paulo e compra de terreno do Grupo Silvio Santos e a construção do Parque do Bixiga – um dos últimos desejos do diretor, como forma de preservar a vista que o Teatro Oficina tem da cidade.
Vereadores da capital discutem agora o nome do futuro parque: alguns querem homenagear Silvio, outros, Zé Celso.
Na época da morte do diretor de teatro, seu viúvo, o também diretor Marcelo Drummond, chegou a comentar à revista “Veja”: “Talvez achem que ele fica mais desprotegido depois da morte do Zé, mas Silvio Santos vai morrer logo. É uma companhia de teatro, o Zé morreu, é muito triste, mas a luta continua, eles vão ter que nos enfrentar também. Sua memória exige aquele parque. Ele fez muito pelo São Paulo. Acho que é uma questão corporativa, mas ele é o chefe, foi a vontade dele que tornou isso uma questão corporativa. Ele já falou: ‘se você quer o terreno, compre’”,
Em seu perfil no X (antigo Twitter), o Teatro Oficina registrou em nota a morte de Silvio Santos e observou: “Celebramos esse antagonista no jogo que jogamos. É do teatro. Existem duas máquinas: a máquina de guerra e a máquina do desejo. DESEJO! Esperamos que venha o Parque do Rio Bixiga.”
Veja também
PESAR
Neto de Silvio Santos, Tiago Abravanel sai das últimas sessões musicais
SILVIO SANTOS
“Não gostava de brincar de envelhecer”, disse Silvio Santos à filha, que revelou a frase em podcast
caixa telefone emprestimo
itau emprestimo aposentado
o’que é refinanciamento de emprestimo
emprestimo com cartao de credito em salvador
financeiras empréstimo
crédito consignado taxas
emprestimo bradesco consignado
empréstimo para aposentado itau