Um dos maiores ícones da TV brasileira, Silvio Santos, falecido neste sábado, aos 93 anos, em São Paulo, era, na verdade, um nome artístico. Na verdade, ele se chamava Señor Abravanel. O nome tem origem judaica: o apresentador era primogênito de um casal de imigrantes judeus da região grega, mas cujos ancestrais viveram na região da Península Ibérica, onde estão Portugal e Espanha.
Na década de 1980, explicou, em um de seus programas, a origem do nome. Silvio – no caso, Senor – era descendente de Dom Isaac Abravanel, judeu responsável pelas finanças de Portugal e Espanha no século XV.
“O homem que me deu à luz consertou as finanças de Portugal, depois foi chamado pelos reis católicos, Isabel e Fernando, para a Espanha. Era Dom Isaac Abravanel. Aí, quando chegou a inquisição, os reis católicos disseram ‘você fica e os judeus as pessoas estão indo. Ele disse: ‘Não, o povo judeu está indo e eu vou com eles'”, disse ele, visivelmente emocionado.
Segundo comunicado divulgado pela família, o dono do SBT queria, assim que morresse, ser levado imediatamente ao cemitério e enterrado segundo os ritos judaicos. “Ele nos pediu para não explorarmos sua passagem”, diz o texto.
Neste sábado, entidades ligadas à comunidade judaica lamentaram a morte do apresentador. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) manifestou seu “respeito e reconhecimento a Silvio Santos, cuja trajetória ilustra o que há de mais admirável no empreendedorismo brasileiro”. Em nota, a entidade afirmou que “como membro da comunidade judaica, Silvio sempre fez questão de manter suas raízes e valores, tornando-se um símbolo de orgulho para os judeus de todo o Brasil”.
Também em nota, a Federação Israelita do Estado de São Paulo “lamentou profundamente a morte de Silvio Santos”. “Sua trajetória, marcada pelo trabalho incansável, é um exemplo inspirador para todos nós”, diz o comunicado, que acrescenta que o dono do SBT honrou suas raízes judaicas ao incorporar “calores de generosidade e perseverança em tudo que fez”.
A Câmara de Comércio Brasil-Israel (Câmara BRIL) manifestou “profunda admiração por Silvio Santos, empresário visionário que transformou o cenário empresarial” no país. “Silvio Santos não só revolucionou a televisão, mas também serviu de exemplo de sucesso e inspiração para a comunidade judaica no Brasil. Sua trajetória mostra o poder da perseverança e da criatividade”, afirma o comunicado enviado à imprensa.
Silvio Santos morreu em decorrência de broncopneumonia contraída após ser infectado pelo H1N1. Em respeito à vontade do apresentador, a família anunciou que não haverá velório. Não há informações sobre o sepultamento.
Em carta, a família Abravanel afirmou que Silvio “pediu para não explorarmos sua passagem”.
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