A retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas, passa a ser o foco da Petrobras para o setor de fertilizantes. A medida ganha prioridade na estatal com a retomada oficial da produção da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), em Araucária (PR), nesta quinta-feira (15). A fábrica paranaense está em hibernação desde 2020 e reabrirá no próximo ano, após a realização de obras de manutenção na unidade. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, participaram da cerimônia de retomada da produção na Ansa. A unidade paranaense deve retomar a produção no segundo semestre de 2025. A Ansa tem capacidade para produzir 720 mil toneladas de uréia por ano, além de 475 mil toneladas de amônia e 450 mil metros cúbicos de Arla 32, utilizado em motores diesel. A retomada das obras foi aprovada pelo conselho de administração da Petrobras no início de junho, com votos contrários de três diretores e protestos de acionistas minoritários, e custará R$ 870 milhões. A empresa argumenta que estudos internos comprovam a viabilidade financeira do projeto. Lula e Três Lagoas Em seu discurso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se emocionou ao mencionar as obras da Petrobras que foram paralisadas durante a Operação Lava Jato. A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, UFN3, é uma dessas fábricas. As obras foram suspensas em 2015, com 81% das ações concluídas. Na época, uma das empresas do consórcio UFN3, a Galvão Engenharia, foi alvo da força-tarefa liderada pelo então procurador Deltan Dallagnol. Desde então, a fábrica foi fechada e o investimento bilionário na construção de Três Lagoas foi perdido. “Não foi só essa empresa que fechou, não. Estávamos em 15% para terminar uma empresa [também uma fábrica de fertilizantes] em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Simplesmente pararam”, afirmou Lula, em seu discurso no Paraná. O presidente continuou: “A Refinaria Abreu e Lima, pararam. Durante muito tempo, o complexo petroquímico que íamos construir em Itaboraí, lá no Rio de Janeiro, parou. Eles pararam tudo. Pararam a tentativa de construção da refinaria no Ceará. Pararam a tentativa de construção da refinaria no Maranhão.” As refinarias mencionadas por Lula foram projetadas pela estatal durante o primeiro mandato de Lula para garantir a autossuficiência do Brasil em combustíveis, mas os projetos foram interrompidos devido a denúncias de corrupção. “Se você quer prender um ladrão, prenda-o. Se você quer prender um empresário, você prende o empresário. O que você não pode fazer é destruir a empresa. O que não se pode é destruir empregos”, continuou Lula, repetindo argumento que vem utilizando desde que voltou ao governo. A UFN3, próxima ao mercado consumidor e já conectada à Gasbol para receber gás natural como matéria-prima, tem capacidade projetada de produção de uréia e amônia de 3,6 mil toneladas/dia e 2,2 mil toneladas/dia, respectivamente. Atualmente, a retomada da UFN3 passa por due diligence (auditoria para fixação do preço da obra). Após esse processo, o orçamento será submetido ao Conselho de Administração da Petrobras. Assine o Correio do Estado
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