Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) – A gestão da Americanas (BVMF:) passou a focar exclusivamente na operação da rede varejista em recuperação judicial desde o final de junho e pode retomar as previsões de resultados que cancelou na noite anterior, disseram executivos da empresa esta quinta-feira.
“Desde o final de junho, o foco passou a ser parte integrante das operações”, disse o presidente executivo da Americanas, Leonardo Coelho, em conferência com analistas e investidores após a divulgação dos resultados do primeiro semestre da empresa, na noite de quarta-feira. .
“Tem muita coisa acontecendo aqui ao mesmo tempo, mas agora não temos os entraves naturais relacionados ao processo de recuperação judicial e à investigação”, disse o executivo, referindo-se à investigação interna da empresa sobre o que chamou de fraude que obrigou a empresa a pedir recuperação judicial.
Segundo ele, a empresa tem promovido esforços para unificar os sistemas de tecnologia da informação em uma única plataforma até 2026.
Coelho afirmou que a Americanas, que tem focado na operação de lojas físicas, ainda tem espaço para crescimento de receita devido aos ajustes no sortimento de produtos que vem realizando desde o segundo semestre do ano passado.
“E há muita possibilidade de revisão interna de estruturas… para amplificar o Ebitda”, disse o executivo.
As ações da Americanas abriram com queda de mais de 65% nesta quinta e, às 13h44, apresentavam queda de 60,6%, cotadas a 0,13 reais. Ao mesmo tempo, apresentou aumento de 0,86%.
Coelho afirmou que a recuperação judicial “aproximou” a Americanas de seus fornecedores e que a empresa tem tido uma “discussão muito ampla” com eles, mostrando as perspectivas de compras da empresa nos próximos 12 meses e com isso “esperamos continuar evoluindo na geração um capital de giro ainda mais equilibrado para a Americanas”.
Mas o presidente da empresa lembrou que o processo de reestruturação da Americanas é longo. “Há muita coisa para acontecer até o final de 2025”, disse o executivo.
A diretora financeira, Camille Faria, por sua vez, afirmou que a Americanas avaliará retomar suas projeções de resultados.
“Continuaremos trabalhando e avaliando a conveniência de retomada do guidance em um futuro próximo”, disse o executivo, citando a necessidade de a Americanas ter tempo para reavaliar estimativas operacionais como EBITDA, posição de caixa em 2025 e alavancagem “à luz de todos os resultados que divulgamos ontem”.
Questionado sobre a quantidade de lojas físicas, Coelho afirmou que a Americanas pode continuar fechando unidades, comentando que o foco está em unidades que apresentem retorno. “Vamos fechar tudo que não for rentável”, disse o executivo, citando que o saldo de aberturas e fechamentos de lojas ainda deve ser negativo nos próximos 12 a 15 meses, “mas muito mais restrito”.
A Americanas encerrou junho com 1.622 lojas no Brasil, uma queda em relação às 1.803 lojas que a empresa operava em 2022 e aos 1.731 pontos de venda em 2023.
E no momento em que rivais como Mercado Livre (NASDAQ:) e Magazine Luiza (BVMF:) reforçam suas ações no e-commerce, a Americanas não está priorizando esforços para capturar participação de mercado no segmento, disse Coelho.
“Não temos participação de mercado (digital) como componente relevante para a nossa estratégia. Nossa estratégia digital continua focada na complementaridade da oferta para nossos clientes… e na rentabilidade dessa operação para a Americanas.”
Questionado sobre quando a Americanas poderá sair do processo de recuperação judicial, Faria afirmou que a empresa não espera que isso aconteça antes do início de 2026.
VENDAS
Sobre a venda de ativos, Faria afirmou que o grupo não tem planos “no momento” de retomar a venda do Hortifruti Natural da Terra, estando a empresa focada na otimização operacional. No caso da rede de franquias Uni.Co, a Americanas tem monitorado o mercado para avaliar o momento ideal para a retomada das vendas, afirmou o diretor financeiro.
Em ambos os casos, o plano de recuperação judicial da Americanas prevê a obrigação de conduzir um processo organizado de venda de ativos.
No caso da fintech Ame, que até a recuperação judicial da Americanas era considerada pela administração da empresa como uma das joias do grupo, está sendo transformada em uma unidade de negócios da empresa focada em oferecer serviços financeiros aos clientes da Americanas.
“É uma nova Ame para uma nova Americanas”, disse o executivo, citando que o grupo continua avaliando a venda de licenças e outros ativos como o CNPJ próprio da Ame que não serão mais necessários na nova estrutura.
Faria afirmou ainda que a Americanas tem como ativos para potencial venda as marcas Submarino e Shoptime, que já receberam “indícios não solicitados de interesse do mercado”.
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