Com o Estado concentrando cerca de 78% das lavouras de cana-de-açúcar localizadas na região do Cone Sul, um dos produtos decorrentes dessa indústria que tinha um dos preços mais atrativos de Mato Grosso do Sul, o etanol, é ainda impactado pelos efeitos e ameaças da geada.
No total, conforme mostra o perfil do setor, detalhado pela Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (BioSul), o Estado conta com 18 unidades que formam o setor sucroenergético do MS, sendo todas produtoras de etanol hidratado e geradoras de bioeletricidade.
Além disso, deste total:
- 11 produzir etanol anidro,
- 10 produzir açúcar [VHP, cristal ou refinado]e
- 13 exportar energia excedente para a rede nacional.
Apesar da força do MS, o insumo que sai dos canaviais ainda tem suas vulnerabilidades, como explica claramente a União Nacional de Bioenergia (UDOP), voláteis tanto às intenções do mercado quanto às mudanças climáticas, como indica relatório recente da Hedgepoint Global Markets, especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, com experiência em mercados agrícolas e energéticos,
Antes do último final de semana, o portal especializado ClimaTempo já antecipava as geadas que, além da metade sul de Mato Grosso do Sul, também deveriam atingir o sudoeste do Paraná e o centro-sul do Estado de São Paulo.
De acordo com monitoramento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), sobre a ocorrência de geadas Nos últimos cinco dias, em Mato Grosso do Sul, os seguintes municípios tiveram possível ocorrência, com temperaturas abaixo de 3 °C:
- Amambai: 1,7ºC (10/08)
- Jardim: 2,5°C (10/08)
- Maracajú: 0,7ºC (11/08)
- Ponta Porã: 2,5°C (10/08)
- Porto Murtinho: 2,3ºC (10/08)
- Rio Brilhante: 0,0ºC (11/08)
- Sete Quedas: 2,8ºC (10/08)
- Sidrolândia: 1,7ºC (10/08)
- Água Limpa: 2,8ºC (11/08)
Porém, parece que os danos foram menores que o esperado, já que, segundo a UDOP, essas geadas foram menos intensas e duraram, apesar de serem um “fantasma” que ainda deve assombrar as regiões até esta quarta-feira (14).
Preço atraente ameaçado
Pesquisa recente de preços de Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nas Capitais, aponta que o valor médio de revenda do etanol em Campo Grande, entre 28 de julho e 3 de agosto, atingiu R$ 3,72.
Em comparação mensalapós os 31 dias de julho, os valores registraram alta de 4,5% no preço médio de revenda do etanol, enquanto o balanço comparando com os preços das primeiras semanas de junho indica alta de 6,5% em dois meses no combustível .
Durante a 5ª edição do evento Visão Agro, do qual o Correio do Estado participou presencialmente, na sede da instituição em São Paulo, a previsão repassada pelo setor é que o combustível, “com preços atrativos no Mato Grosso do Sul” está com os dias contados.
Geadas e prevenção
Aproveitando que, pelo menos até meados de setembro, Mato Grosso do Sul deverá continuar sentindo os efeitos da seca e das baixas temperaturas, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) indica medidas para minimizar os efeitos da alterações climáticas.
Como, segundo o assessor técnico do Sistema Famasul, Dorly Pavei, as culturas mais frondosas tendem a ser mais vulneráveis que as demais culturas, o principal cuidado dos produtores no período deve ser com a irrigação, por se tratar de um período muito seco.
“É preciso complementar a quantidade de água para as plantas. Para proteger contra geadas, o sistema de irrigação por aspersão ajuda nesse processo, mas não garante que a planta não sofrerá. Investir em sistemas de cultivo protegido também é uma solução”, acrescenta Dorly.
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