Centro Pompidou vai abrir primeira sede latino-americana em Foz do Iguaçu

Feito com tijolos numa estrutura extraordinária que “pede que você também faça parte”. Esta será a sede do Centro Pompidou Tríplice Fronteira, ponto estratégico da América Latina, com inauguração prevista para o final de 2026.

A instalação em Foz do Iguaçu, no Paraná, será um “parque-museu” em que “o exterior será tão importante quanto o interior”.

“Será instalado na orla de Foz de Iguaçu, no Paraná, onde poderá ser compartilhado com Argentina e Paraguai. Parece-me um gesto político incrível”, Solano Benítez, arquiteto paraguaio que ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza Bienal, disse ao La Nación. em 2016, e responsável pelo projeto.

A primeira sede do Pompidou na América Latina não só estará localizada perto de três países, mas também será muito movimentada.

Além dos dois milhões de pessoas que vivem num raio de 150 quilômetros, há turistas atraídos pelo Parque Nacional do Iguaçu.

“Do lado brasileiro, em 2023 foram 2,3 milhões de turistas. Foz de Iguaçu é a segunda cidade mais visitada do Brasil”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de Cultura do governo do Estado do Paraná.

Segundo ela, as negociações para a implantação do museu começaram em 2020 de forma virtual, em plena pandemia.

Uma verdadeira aposta de fé no futuro. As imagens do museu apresentadas à imprensa antecipam o que promete ser uma experiência memorável: caminhar sob a semi-sombra produzida por uma trama que parecia tão leve quanto o tecido, sofisticada e moderna. Construída com “o material mais global do planeta”, mas de uma forma nunca vista nos seus 3.500 anos de história.

“Poderíamos ter usado titânio russo, mas queríamos que tivesse DNA da região. É muito importante que os materiais tenham essa característica cultural”, explica Benítez sobre o projeto, que exigirá investimento de US$ 25 milhões do governo do Paraná.

Embora não tenha esclarecido quais os recursos que o Pompidou irá disponibilizar, disse que a programação será o resultado de “um diálogo” entre o local e o internacional.

“Não queremos que seja um navio que chega de Paris para pousar na Tríplice Fronteira”, explicou.

Esta também não parece ser a ideia do Pompidou, instituição pioneira na expansão global, cujo acervo de arte moderna e contemporânea compreende mais de 120 mil obras e é o mais rico da Europa e o segundo do mundo.

Além de sua sede original, a icônica estrutura de vidro e metal projetada por Renzo Piano e Richard Rogers que está localizada desde 1977 em um dos bairros mais antigos de Paris (e que permanecerá fechada para reformas entre 2025 e 2030), há já outros em Metz, Málaga, Bruxelas e Xangai, e mais dois, em Seul e Nova Jersey, serão inaugurados em 2025 e 2027.

Este último, porém, estava “parado” devido aos seus elevados custos, conforme anunciado no mês passado.

A sede da Tríplice Fronteira será, segundo Benítez, “um monumento ao aprendizado” em meio a questões como superpopulação, movimentos migratórios e aquecimento global. Para o arquiteto, um dos seus desafios será a “integração e reflexão sobre a natureza, pois estamos perante uma das reservas ambientais mais importantes do planeta”.

“Será uma infraestrutura que nos permitirá sonhar com um mundo novo, onde todos possamos nos encontrar”, afirma o arquiteto.

“A crise de hoje não é falta de recursos ou de conhecimento. É imaginação: não somos capazes de transformar o que temos e o que sabemos para viver melhor. E é aí que a arte finca uma bandeira diferente: pode inspirar a ciência, a tecnologia, na sua capacidade de ir além do que a tradição conseguiu mostrar tenho que trabalhar com o material ‘mais simples’, mas é a condição humana que pode transformar esse material num monumento.”