Mercado também ficou atento às novas falas de Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo em eventos desta terça-feira.
O dólar fechou com queda firme de 0,90% nesta terça-feira (13), a R$ 5,448, com números da inflação ao produtor nos Estados Unidos e novos discursos de membros do BC (Banco Central) em segundo plano.
A Bolsa de Valores brasileira avançou 0,98%, aos 132.397 pontos, maior nível de fechamento desde 8 de janeiro. O pregão também foi repleto de mais um dia de resultados corporativos, com Natura e CSN entre os destaques, e a tendência positiva em Wall Street.
A inflação ao produtor dos Estados Unidos (PPI) ficou abaixo das expectativas nesta terça-feira. O indicador – termômetro do custo de vida das famílias nos próximos meses – aumentou 0,1% em julho, ante projeção de 0,2% de economistas consultados pela Reuters.
Em 12 meses, o IPP aumentou 2,2%, após alta de 2,7% em junho.
Os números reforçam o argumento de que a inflação está a diminuir no meio do ciclo de aperto monetário do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), num momento em que os investidores permanecem atentos a qualquer sinal sobre a taxa de juro do Norte. -Americano.
“Acho que na frente externa o PPI ajudou e aliviou o dólar… isso num movimento global. Me parece um movimento bem alinhado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
A expectativa agora é para a inflação ao consumidor norte-americana, medida pelo IPC (índice de preços ao consumidor). Os dados serão divulgados nesta quarta-feira.
Os agentes financeiros dão como certo que a Fed começará a aliviar a taxa de 5,25% para 5% na próxima reunião de política monetária, em Setembro, embora a magnitude do corte seja incerta. As apostas medidas pela ferramenta FedWatch do CME Group projetam que há chances praticamente iguais de redução de 0,25 ou 0,50 pontos percentuais.
Na semana passada, o maior alcançou consenso entre os investidores em meio a temores de recessão na maior economia do mundo, após a divulgação de dados de emprego mais fracos do que o esperado em julho. Esta perspectiva esfriou com números mais favoráveis e discursos apaziguadores dos responsáveis do Fed.
Em tese, quanto mais o banco central dos EUA reduz as taxas de juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente para os investidores estrangeiros, gerando um redirecionamento de capital para locais com ativos mais rentáveis, como o Brasil.
Com o apetite ao risco estimulado, os índices de ações de Wall Street fecharam em alta. O Dow Jones avançou 1,04%, o S&P 500 subiu 1,68% e o Nasdaq, 2,43%.
No cenário doméstico, autoridades do BC participaram de eventos nesta terça-feira. O presidente do município, Roberto Campos Neto, participou de audiência pública na Câmara dos Deputados pela manhã e afirmou que não houve “grande disfunção” que justificasse a intervenção em um momento de forte alta do dólar nos últimos meses.
Campos Neto também rebateu as críticas, vindas principalmente do governo, afirmando que a decisão do Banco Central sobre a não intervenção foi tomada de forma colegiada e acrescentou que o diretor responsável pelo setor na instituição foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – no caso, Gabriel Galípolo, favorito para assumir a presidência do município após a saída do atual presidente.
Na véspera, em evento na FGV (Fundação Getulio Vargas), Campos Neto também reforçou que o compromisso de fazer a inflação convergir para a meta será cumprido, independentemente de quem seja o próximo presidente do BC. “Enviamos uma mensagem inequívoca e consensual: isto está resolvido”, disse ele.
Na análise de Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, o discurso abre espaço para a interpretação de que o BC poderá voltar a aumentar os juros do país, mesmo que isso signifique ir contra o presidente Lula.
“Isso demonstra que a situação fiscal do país está sendo administrada de perto e com muita cautela, tanto pelo BC quanto pelo governo, que se esforça para cumprir os prometidos cortes de gastos”.
Galípolo, que minimizou a percepção de interferência política nas decisões de diretores indicados por Lula, em evento na quinta-feira (8), assistiu na segunda-feira a palestra da Warren Investimentos e participou hoje do “Finanças do Amanhã”, no Rio de Janeiro. Janeiro.
Segundo ele, não há problema de liquidez no mercado de câmbio à vista brasileiro e o BC também avaliou que não seria correto tomar medidas extraordinárias no mercado de derivativos em momentos de alta do dólar.
Galípolo afirmou ainda que o cenário atual é desconfortável para o cumprimento da meta de inflação e destacou que dados mais recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) levantaram alertas e pontos de preocupação.
Na sexta-feira, o indicador oficial de inflação no país acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, maior nível para o mês desde 2021. O resultado ficou acima da mediana das expectativas dos analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35. %.
No acumulado de 12 meses, o IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. Esse é justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue a inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Na ata da última reunião de política monetária do município, os dirigentes deixaram claro que não hesitarão em aumentar os juros se necessário.
O mercado tenta prever os próximos passos do BC. De um lado, há quem aposta em novo aumento da taxa Selic; por outro lado, alguns agentes aguardam manutenção.
No Boletim Focus desta semana, especialistas consultados pelo BC mantiveram a projeção de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano até o fim de 2024. Também elevaram as expectativas de inflação após dados do IPCA, para 4,20%, ante 4,12% na semana passada .
No cenário corporativo, a Natura caiu 8,85%, após reportar aumento de prejuízos no segundo trimestre, além de entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos da subsidiária não operacional Avon Products, da qual é a maior credora.
A MRV caiu 1,81%, também acompanhando a divulgação do balanço do último trimestre. Vale e Petrobras perderam 0,30% cada.
A tendência positiva foi liderada pela CSN Mineração, que avançou 6,29% com aumento de 47,4% no EBITDA ajustado ano a ano, para R$ 1,6 bilhão.
Os bancos subiram no conjunto: Itaú valorizou 2,83%, seguido por BTG Pactual (1,54%), Banco do Brasil (1,29%), Santander (1,17%) e Bradesco (1,14%).
Na segunda-feira, o dólar fechou em queda de 0,28%, a R$ 5,498, e a bolsa subiu 0,38%, aos 131.115 pontos.
*Informações da Folhapress
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