Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Em mais um dia de otimismo nos mercados globais, o Brasil registrou nesta terça-feira a sexta queda consecutiva, para menos de 5,45 reais, em linha com a queda geral da moeda norte-americana frente às demais moedas, após a divulgação de dados de inflação favoráveis para os produtores nos EUA.
O dólar à vista fechou o dia em queda de 0,90%, cotado a 5,4491 reais. Este é o menor preço de fechamento desde 16 de julho, quando fechou a 5,4293 reais. Nos últimos seis dias úteis o dólar acumulou queda de 5,09%.
Às 17h04, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento caía 0,89%, a 5,4585 reais na venda.
Desde o dia 5 de agosto, quando foi cotado acima de 5,86 reais, o dólar apresenta quedas firmes frente ao real, em processo de ajuste de preços.
Por trás do movimento está a redução dos temores de que os EUA possam entrar numa recessão iminente, além da perspectiva de o Federal Reserve começar a cortar as taxas de juros em setembro.
Outro fator é a relativa acomodação nos últimos dias, reduzindo o desmonte das operações de carry trade. No carry trade, os investidores tomam empréstimos de países como o Japão, onde as taxas de juros são baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde as taxas de juros são mais altas. Ao desmantelar essas operações, o real estava sendo penalizado.
Nesta terça-feira, a queda global do dólar – inclusive em relação ao real – foi favorecida pela divulgação do índice de preços ao produtor (IPP) dos EUA, que subiu 0,1% na base anual em julho, após o aumento de 0,2% em junho. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2% no mês passado.
Os dados abaixo do esperado reforçaram as apostas num corte da taxa de juros por parte do Fed em setembro, o que se somou à perspectiva de manutenção ou mesmo aumento da taxa básica Selic no Brasil no mesmo mês, conforme precificado na curva a termo brasileira.
Assim, a avaliação de que o diferencial de taxas de juros continuará favorável à atração de recursos do Brasil colocou novamente o dólar em baixa.
Depois de oscilar ocasionalmente para cima, registrando máxima de 5,5038 reais (+0,10%) às 10h16, o dólar à vista atingiu mínima de 5,4490 reais (-0,90%) às 16h53, já perto do fechamento.
Durante audiência pública conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, abordou mais uma vez o tema de possíveis intervenções no câmbio em momentos de estresse.
Em discurso semelhante ao adotado na véspera pelo diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, Campos Neto afirmou que a autoridade não agiu no período recente por entender que não havia disfuncionalidade no mercado.
“Nesses momentos de estresse a gente discutia intervir, a gente discutia isso o tempo todo. Em alguns dias a gente olhava o que a gente poderia fazer melhor, olhando outras variáveis, olhando se outras moedas estavam sofrendo muito, por que o Brasil estava sofrendo mais, ” ele disse.
“Não houve nenhuma decisão de intervir no câmbio, foi uma decisão que tomamos olhando todas as outras variáveis e entendendo que naquele momento não havia nenhuma grande disfuncionalidade no câmbio em relação aos outros mercados, o que havia uma percepção de agravamento do risco no Brasil”, acrescentou.
No final da tarde desta terça-feira, a queda do dólar foi praticamente generalizada no exterior, inclusive frente a pares de moedas do real, como o eo. Às 17h16, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – caía 0,47%, para 102,590.
Pela manhã, o Banco Central vendeu em leilão todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional com o objetivo de rolar o vencimento em 1º de outubro de 2024.
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