O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou esta terça-feira (13) a sua profunda preocupação com o elevado número de “detenções arbitrárias” na Venezuela e o “uso desproporcional” da força que “alimentam o clima de medo” desde as eleições presidenciais.
“É especialmente preocupante que tantas pessoas estejam sendo detidas, acusadas de discurso de ódio ou sob legislação antiterrorismo. O direito penal nunca deve ser usado para limitar indevidamente os direitos à liberdade de expressão, reunião pacífica e associação”, disse Volker Türk em uma declaração.
O alerta surge um dia depois de o presidente Nicolás Maduro ter exigido que os poderes do Estado atuem com “mão de ferro” contra os protestos registados no país devido à sua questionada reeleição.
Maduro foi proclamado vencedor com 52% dos votos para um terceiro mandato de seis anos nas eleições de 28 de julho, mas a oposição denuncia uma grande “fraude”.
O anúncio de sua vitória gerou protestos que deixaram 25 mortos e 192 feridos.
“Todas as mortes que ocorreram no contexto dos protestos devem ser investigadas e os responsáveis devem ser responsabilizados e punidos”, disse Türk.
Segundo declarações oficiais, a ONU estima que mais de 2.400 pessoas foram detidas desde 29 de julho.
Na maioria dos casos documentados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, as pessoas detidas não foram autorizadas a nomear um advogado da sua escolha ou a manter contacto com familiares.
“Alguns casos constituiriam desaparecimentos forçados”, acrescentou o comunicado.
Türk pediu “a libertação imediata de todas as pessoas que foram detidas arbitrariamente e garantias de julgamentos justos para todas as pessoas detidas”.
“O uso desproporcional da força pelas forças de segurança e os ataques aos manifestantes por pessoas armadas que apoiam o governo, alguns dos quais resultaram em mortes, não devem ser repetidos”, acrescentou.
Há também relatos de atos de violência contra funcionários públicos e edifícios por parte de alguns manifestantes, destacou o Alto Comissário.
“A violência nunca é a resposta”, destacou.
Türk também expressou preocupação com a possível aprovação de um projeto de lei sobre monitoramento e financiamento de organizações não governamentais, bem como com outro projeto de lei “contra o fascismo, o neofascismo e expressões semelhantes”.
“Apelo às autoridades para que não adotem estas ou outras leis que prejudiquem o espaço cívico e democrático do país, no interesse da coesão social e do futuro do país”, insistiu Türk.
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