A exposição “Lula Cardoso Ayres – Caminhos de Ida, Caminhos de Volta” abre para exibição pública neste sábado (10). Ocupando a Galeria Marco Zero, a exposição reúne cerca de 60 obras assinadas por um dos mais memoráveis artistas pernambucanos.
Fotógrafo, pintor, designer e ilustrador, entre outras responsabilidades, Lula Cardoso Ayres (1910-1987) teve uma longa carreira artística. Começou na adolescência, aos 12 anos, incentivado pelo pai e pelo privilégio de pertencer a uma família rica.
Depois de trabalhar com o artista alemão Heinrich Moser no Recife, o pernambucano viajou para Paris em 1925, tomando contato com os movimentos de vanguarda da época. De volta ao Brasil, estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, retornando a Pernambuco apenas em 1932, para ajudar nos negócios da família.
Durante o período em que morou na Usina Cucaú, no município de Rio Formoso, Lula aprofundou seu interesse pelas festas populares. Em visitas às comunidades da região, observou manifestações culturais como o bumba meu boi e o maracatu, que se tornaram elementos recorrentes em seu trabalho.
Como o próprio nome sugere, a exposição foca nos “caminhos de ida e volta” percorridos por Lula Cardoso Ayres ao longo de sua carreira. Um conceito que diz respeito não só aos movimentos geográficos realizados pela artista, mas também à alternância entre o figurativo e o abstrato presente na sua obra.
“A ideia é tentar dar conta desse movimento pendular do artista. Cada vez que viaja e retorna para alguma coisa, traz consigo um acúmulo de conhecimentos adquiridos em viagens anteriores. É possível perceber, por exemplo, que sua abstração é alimentada pelo bumba meu boi ou, alternativamente, que existe um conhecimento formal da cor que ele adquire a partir da produção abstrata e que se manifesta em outros momentos, quando ele retorna a uma abordagem mais figurativa. arquetípico”, explica Guilherme Moraes, curador da exposição.
Dividida em seções, a exposição percorre diferentes fases da artista. Há, por exemplo, desenhos da década de 1940 e pinturas como “Pássaro Vermelho”, da década de 1950, que mostra o mergulho de Lula no abstracionismo. Um dos destaques é a última obra do pintor, deixada inacabada por ele antes de morrer.
“Para mim é um trabalho muito significativo, porque confirma o fato de Lula ter morrido produzindo. Temos outros trabalhos [na exposição] o que, talvez, dê uma ideia do que esta tela poderá vir a ser, mas, ao mesmo tempo, detém uma potência inerente ao facto de ser a última obra em que o artista se concentrou”, aponta o curador.
Guilherme destaca que um dos maiores legados de Lula é a introdução de temas ligados à cultura popular nas artes visuais. “Hoje é relativamente comum ver uma temática regionalista sendo trabalhada visualmente, mas é interessante perceber que Lula foi o primeiro a trazer esses interesses para a produção pictórica. Não que seu trabalho se limite apenas a isso, mas é uma produção específica dentro dos diversos modernismos que hoje entendemos que existiram no Brasil”, observa.
Serviço:
“Lula Cardoso Ayres – Caminho de saída, Caminho de volta”
Quando: Deste sábado (10) até 28 de setembro; De segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h
Onde: Galeria Marco Zero (Av. Domingos Ferreira, 3393, Boa Viagem)
Entrada gratuita
Informações: (81) 98262-3393 e [email protected]
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