cumprir as metas fiscais, as universidades federais começam a calcular o impacto em suas finanças.
Os reitores já esperam dificuldades no pagamento de despesas básicas e na manutenção dos programas de assistência estudantil. Questionada sobre a situação, a secretaria de Camilo Santana afirma que apenas cumpre o cronograma orçamentário do governo.
Não foram sacados reais das unidades, mas houve redução do limite de gastos por meio do congelamento dos repasses.
Os bloqueios ocorreram principalmente por emendas parlamentares destinadas às universidades e não efetivadas até 23 de julho. A administração petista, porém, fez mais. Na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), R$ 29 milhões ficaram retidos pelo Tesouro até esta quinta-feira (8).
O governo federal prometeu duas janelas para divulgação dos números bloqueados, de 1º de outubro a 30 de novembro e de 1º a 30 de dezembro.
Caso o limite de compromisso seja devolvido, o orçamento da UFSC para este ano não deverá ser afetado. “No entanto, isto dificulta o planeamento e a execução financeira”, afirma a instituição, que já previa um défice em 2024 antes da retenção, tal como nos últimos dois anos.
A situação na Ufcat (Universidade Federal de Catalão), em Goiás, é ainda mais delicada. De acordo com o orçamento previsto, já eram esperadas dificuldades operacionais a partir de Setembro.
A contingência deverá antecipar o “ponto crítico” para agosto, afirma a instituição. “Essa manobra impossibilita o pagamento de todos os tipos de despesas, inclusive da assistência estudantil”, continua. Mais de R$ 3 milhões foram retidos da universidade, o que corresponde a 18% do seu orçamento anual.
José Daniel Diniz, presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), diz estar preocupado com o fato do bloqueio do governo cair especialmente na área da educação, mas diz estar em diálogo com os ministros de Lula para algum reembolso. “Nossa expectativa é que o orçamento de 2025 tenha um crescimento real em relação aos recursos deste ano”.
Enquanto isso, a Ufob (Universidade Federal do Oeste da Bahia) teve mais de R$ 5 milhões bloqueados. Por enquanto, seus gestores afirmam observar com cautela os passos do governo, mas com uma grande preocupação: a possibilidade de o bloqueio não ser revertido e evoluir para um corte.
“Não conseguimos absorver uma redução de crédito. Caso ocorra, impactará diretamente no funcionamento e na continuidade das atividades acadêmicas”, afirma o ensino superior.
Essa também é a preocupação de outros centros, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a maior universidade federal do país. Lá, foram destinados cerca de R$ 60 milhões pelo governo. Por isso, os estudantes organizam um protesto para quarta-feira (14).
“Recebemos a notícia em reunião com a reitoria, que também tomou conhecimento de imediato e nos garantiu a prioridade e manutenção dos programas de permanência estudantil. No entanto, foi afirmado que o bloqueio poderá levar a cortes de água, luz, falta de pagamento a empresas terceirizadas”, diz nota do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Mário Prata, maior entidade estudantil da instituição carioca.
A manobra fiscal do governo petista ocorre em meio a uma crise nas unidades federais de ensino. Como mostrou a Folha de S.Paulo, as universidades federais de todas as regiões do país acumulam obras paradas ou atrasadas e projetos abandonados devido à queda orçamentária que sofreram nos últimos anos. Além disso, o orçamento para os custos diários também é crítico.
O governo federal anunciou no início de junho um PAC de R$ 5,5 bilhões para parte dessas obras inacabadas. O anúncio ocorreu em meio à greve de professores e servidores, na tentativa de desinflar o movimento.
Parte do recurso anunciado já estava planejado desde agosto do ano passado. Reitores afirmam que os valores liberados ainda são insuficientes para retomar projetos e cobrir os investimentos necessários.
Outras dez instituições em todo o país foram questionadas sobre os impactos do bloqueio orçamental. Cinco deles – os casos da UFC (Universidade Federal do Ceará) e da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por exemplo – responderam para continuar calculando os danos, mas aguardando que o Estado cumpra a promessa de liberar o dinheiro a partir de outubro. .
*Informações da Folhapress
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