No primeiro debate de candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, organizado pela Band nesta quinta-feira, 8, os dois candidatos de Bolsonaro, Alexandre Ramagem (PL) e Rodrigo Amorim (União), apostaram na dobradinha para atacar o prefeito da cidade Eduardo Paes (PSD), que busca a reeleição e lidera as pesquisas de intenção de voto.
Adotaram a mesma estratégia: confrontos diretos contra Paes. Os dois investiram na associação do atual prefeito do Rio ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de nacionalizar o debate.
Paes foi chamado de “soldado de Lula”, “filho ingrato de Cabral” e “nervosinho” – apelido dado ao prefeito por empreiteiros da Odebrecht em acordo de delação premiada. O caso foi encerrado.
A candidatura de Paes conta com o apoio de Lula, enquanto Ramagem conta com sua ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ramagem é a aposta pessoal de Bolsonaro para manter influência em seu reduto eleitoral.
Preterido pelo clã bolsonarista na disputa pelo Rio, Amorim prestou homenagem à família do ex-presidente na primeira questão da sabatina. “Em nome do vereador Carlos Bolsonaro, quero agradecer à família Bolsonaro a quem saúdo. Pedi autorização e fui nomeado para formar uma frente conservadora contra a esquerda e contra o projeto do militar de Lula de fazer do Rio de Janeiro um bunker de esquerda “, afirmou o deputado estadual.
O parlamentar da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foi o responsável pelo “trabalho sujo”, com ataques diretos a Paes. Ramagem repetiu o discurso da nacionalização e da repercussão das questões de segurança.
Confrontos entre Paes e Ramagem
O primeiro embate direto do debate, com perguntas entre os candidatos, ocorreu entre os dois mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto, Paes e Ramagem. O candidato do PL perguntou ao prefeito por que ele não colocou em prática um plano de segurança pública na capital fluminense.
O prefeito rebateu e afirmou que a segurança pública do Rio está sob o comando do grupo político do deputado há seis anos.
“Deputado Ramagem, o senhor foi aliado do Wilson Witzel, aliado do Cláudio Castro. O senhor está no comando da segurança há seis anos. pense nas nomeações políticas para comandantes de batalhão e delegacias”, questionou Paes.
Os dois ficaram cara a cara novamente no segundo bloco. Paes foi escolhido por Ramagem para responder sobre o tema educação. O prefeito do Rio perguntou ao deputado se ele pretende privatizar as escolas municipais.
Ramagem afirmou que manterá o atendimento público nas escolas municipais e que não pretende investir no modelo de privatização.
Cumprimento do mandato
Em um dos embates com Paes, o candidato Marcelo Queiroz (Progressistas) questionou se o prefeito pretende cumprir todo o mandato caso seja eleito. O prefeito repetiu o discurso de que não pretende deixar o cargo para concorrer ao governo do estado em 2026. “Vocês sabem como gosto de ser prefeito, vou ficar quatro anos.
Amorim repete clichês bolsonaristas
Mesmo sem o apoio oficial de Bolsonaro, Amorim mostrou-se o candidato mais alinhado com as agendas defendidas pelos apoiadores de Bolsonaro: críticas ao ex-presidente Lula, contra a descriminalização das drogas, a esquerda e o aborto.
O candidato do União Brasil ainda afirmou suspeitar que Tarcísio Motta, candidato do PSOL, estivesse sob efeito de drogas durante o debate. “Quando você fala todas essas bobagens que você fala, eu começo a pensar que você não está são, você está entorpecido. Fiz o exame toxicológico e te desafio a fazer o exame toxicológico”, atacou.
Tarcísio respondeu: “Que bobagem. Quero discutir a cidade e o cara muda de assunto. Ele não consegue nem pesquisar”.
Qual foi a dinâmica do debate?
O debate foi dividido em três blocos. No primeiro bloco, cada candidato teve um minuto e meio para responder a uma pergunta definida pela Band. A ordem das respostas seguiu o posicionamento no estúdio, decidido por sorteio. Todos os candidatos fizeram perguntas uns aos outros no primeiro bloco. Cada pessoa teve um minuto para pergunta e resposta e quatro minutos para resposta e tréplica.
No segundo bloco, os jornalistas da Band fizeram perguntas a todos os candidatos, que responderam e comentaram, sendo dois minutos para a resposta, um minuto para o comentário e um minuto para a resposta. Para finalizar, cada candidato teve dois minutos para as considerações finais.
Os candidatos começaram a chegar aos estúdios da Band, em Botafogo, zona sul do Rio, às 20h55. Tarcisio Motta foi o primeiro, seguido por Marcelo Queiroz, Rodrigo Amorim, Alexandre Ramagem e Eduardo Paes.
O critério para escolha dos cinco candidatos ao cargo foi que o partido, coligação ou federação tenha pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional, conforme determina a legislação eleitoral.
Perfil dos candidatos
O prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição, é claro favorito nas pesquisas de intenção de voto. Com uma reconvocação política de três mandatos à frente da segunda maior cidade do país, Paes entra na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro com alta popularidade e expectativa de vitória no primeiro turno – a mais recente pesquisa Datafolha mostra Paes com 53% dos votos válidos.
O deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), será o representante do ex-presidente Jair Bolsonaro na disputa pela capital fluminense. Candidato a prefeito do Rio, Ramagem é investigado por suposto monitoramento ilegal da Abin a inimigos do ex-presidente.
O diretório do PSOL no Rio definiu que o partido tenha candidatura própria nas eleições para prefeito de 2024. O deputado federal Tarcísio Motta foi o candidato escolhido pelo partido e aparece em terceiro lugar nas pesquisas mais recentes. Foi candidato ao governo do estado em 2014 e 2018, e vereador na capital por dois mandatos, entre 2017 e 2022. Em 2014, alcançou o quinto lugar na eleição para o Palácio da Guanabara, com quase 9% dos votos em a primeira rodada.
O deputado federal Marcelo Queiroz será o candidato progressista para a disputa municipal. Ele conta com o apoio do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PP-PI). O partido lançou nome próprio na corrida eleitoral e foi cobiçado pelas duas principais campanhas, Paes e Ramagem.
O União Brasil anunciou que o deputado estadual do Rio Rodrigo Amorim concorrerá à prefeitura do Rio pelo partido. Seu irmão, o vereador Rogério Amorim (PL), fez uma publicação chamando o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato do Partido Liberal que conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de “futuro prefeito”.
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