Embraer negocia venda de jatos, mas ainda não há nada concreto sobre aéreas brasileiras

O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse nesta quinta-feira que a fabricante de aeronaves está em contato com diversos clientes sobre oportunidades de compra de aeronaves, mas não tem nada de concreto sobre possíveis clientes brasileiros.

Ele afirmou que o ano começou bem em termos de pedidos e há campanha de vendas em todas as regiões do mundo.

— Vemos uma excelente oportunidade de aumento dos E-jets no Brasil e eles são adequados para o mercado brasileiro. Mas não temos nada de concreto para compartilhar sobre os clientes brasileiros, por enquanto — disse Gomes Neto, lembrando que a empresa está confiante de que trará novidades em breve sobre novos pedidos.

Apenas a Azul, entre as três maiores empresas que operam no país, utiliza aviões da Embraer, especializada em jatos menores. Latam e Gol utilizam aeronaves maiores da Boeing e Airbus, mas já iniciaram negociações para negociar jatos da Embraer.

A reforma tributária prevê redução de 40% de impostos para empresas que operam aviação regional no país. O governo também tem pressionado Gol e Latam para comprarem jatos da fabricante brasileira.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, poderá exigir que as companhias aéreas passem a utilizar aviões da Embraer, como condição para a captação de recursos da nova linha de crédito para o setor, dentro do pacote de apoio às companhias aéreas, em discussão pelo o governo federal. A possível contrapartida foi citada pelo próprio presidente do BNDES.

— Apenas cerca de 12% da frota de aeronaves dessas empresas é da Embraer. Quando compram da Embraer, estão arrecadando impostos, reabastecendo o sistema econômico do Brasil, não transferindo moeda para o exterior, mantendo investimentos, gerando empregos e renda — disse Mercadante no mês passado.

O grupo Latam anunciou esta semana investimentos de US$ 2 bilhões no Brasil nos próximos dois anos, com foco em produtos, tecnologias e serviços de passageiros, e em atividades aeronáuticas e de manutenção de frotas, mas a empresa não detalhou se parte desses recursos será utilizada . para comprar jatos Embraer.

A Gol informou que opera uma frota de aeronaves Boeing 737 NG e MAX e sempre avalia opções de outros modelos para ampliar suas operações.

A Embraer obteve aumento de 50,6% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas aumentaram 23% de acordo com o balanço. O lucro atingiu R$ 416 milhões, enquanto a receita líquida atingiu R$ 7,85 bilhões entre abril e junho deste ano.

A receita foi 16% superior ao mesmo período do ano passado, devido à entrega de 47 aeronaves e atividades na área de serviços e suporte.

A carteira de pedidos da empresa atingiu US$ 21,1 bilhões no segundo trimestre, o maior valor em sete anos e 22% acima do mesmo período de 2023.

Nos últimos meses, a Embraer assinou contratos para a venda de 20 jatos comerciais E2 para a companhia aérea Mexicana de Aviación, nove aeronaves multimissão C-390 Millennium para a Holanda e Áustria e seis Super Tucanos para a Força Aérea Paraguaia.

A empresa confirmou estimativas de entrega de 72 a 80 jatos comerciais e de 125 a 135 jatos executivos em 2024, o que deverá gerar receitas de US$ 6 bilhões a US$ 6,4 bilhões.

Questionado sobre um possível atraso neste cronograma por falta de peças na cadeia de abastecimento, Francisco Gomes Neto disse que a empresa reforçou a equipa de abastecimento, colocando mais pessoas para trabalhar com fornecedores mais críticos.

— Também estamos utilizando ferramentas digitais e Inteligência Artificial na gestão para estar um passo à frente dos problemas. Há desafios, mas no momento temos convicção de que conseguiremos entregar nossas estimativas para este ano — disse.

Carro voador

Sobre a Eve Air Mobility, empresa de mobilidade aérea urbana controlada pela Embraer, Francisco Gomes Neto lembrou que a empresa apresentou recentemente o primeiro protótipo de seu eVTOL — aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, conhecida como “carro voador” — durante o Farnborough Airshow , um evento da indústria aeroespacial e de defesa na Inglaterra.

O presidente da Embraer lembrou que a Eve também obteve recentemente financiamento de US$ 96 milhões para o desenvolvimento e fabricação de seu Evtol na unidade de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo.