Preocupada com o conflito entre indígenas e agricultores em Douradina, a 191 quilômetros de Campo Grande, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um comunicado pedindo que ambas as partes busquem soluções para acabar com os conflitos.
Segundo Jan Jarab, chefe do escritório regional de Direitos Humanos da ONU, o conflito é “mais um exemplo dos riscos enfrentados pelos povos indígenas no Brasil na defesa de seus territórios”.
Segundo o chefe do escritório regional de Direitos Humanos da ONU, o Brasil deve buscar soluções para evitar novos conflitos contra a população indígena. A declaração pede a conclusão dos processos de demarcação de terras e a adoção de medidas para eliminar a discriminação e a violência contra os povos indígenas.
Jarab também solicitou investigação sobre os ataques que deixaram 11 feridos em Douradina no último fim de semana
“A recuperação de terras ancestrais pelas comunidades indígenas é muitas vezes combatida com ataques armados de agentes privados, e os responsáveis muitas vezes ficam impunes.”
Chefe de @ONU_derechos Jan Jarab alertou para os riscos enfrentados #Pessoas indianasem defesa de suas terras ancestrais, após novo ataque armado contra a comunidade Guarani-Kaiowá em #EM que deixou pelo menos 10 indígenas feridos.
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—ONU Direitos Humanos – América del Sur (@ONU_derechos) 6 de agosto de 2024
Conflitos em MS
Sem evitar o “elefante branco” na sala, a questão dos conflitos no campo foi debatida e, para Sônia Guajajara, a solução passa por maior fiscalização e melhor mediação entre as partes, já que até produtores rurais se declararam “vítimas” após episódios de violência contra os povos originários.
“Aproveitamos nossa chegada para acompanhar essas situações em territórios judicializados, terras em conflito e assim cumprir nosso papel institucional de articular e buscar soluções para esses problemas”, aponta Guajajara, conforme material divulgado pelo Governo do Estado após o encontro.
Riedel acrescentou que, ainda nesta semana, reunião no Supremo Tribunal Federal reflete o esforço da União e do próprio Estado de Mato Grosso do Sul na busca pela paz nas Terras Indígenas de Mato Grosso do Sul.
“Temos consciência das áreas de conflito e contribuiremos para a procura de soluções específicas para cada uma delas, distintas do ponto de vista jurídico e histórico. Colocaremos toda a nossa energia e esforço na procura de soluções”, concluiu o governador.
Há cerca de um mês, intensificaram-se os ataques contra os povos Kaiowá e Guarani, após pelo menos cinco terras indígenas durante um único final de semana, em territórios que desde 2011 estão delimitados e reconhecidos pelo Ministério da Justiça como pertencentes aos povos originários.
Conflito entre indígenas e agricultores não interessa a ninguém
Durante visita ao município de Douradina, a 191 quilômetros de Campo Grande, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse às lideranças indígenas que o conflito com os produtores rurais pela demarcação de terras não interessa a ninguém.
O recente confronto, ocorrido no último final de semana e que deixou 11 indígenas Guarani-Kaiowá feridos, colocou o governo federal em alerta para os conflitos mais sangrentos. Os indígenas afirmam que as terras disputadas são territórios tradicionais do seu povo.
As recentes ocupações na região de Dourados foram classificadas como ‘retomada’, o que reacendeu a violência contra os Guarani-Kaiowá. Este imenso conflito fundiário, que já dura décadas, tem gerado tensão na região.
No último fim de semana, em Douradina, lideranças indígenas e organizações indígenas relataram dois grandes ataques com homens armados e acampamentos montados em área delimitada para abrigar a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica.
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), informou que muitos indígenas ficaram feridos durante os ataques. Barracos, pertences pessoais e símbolos da cosmologia Guarani-Kaiowá foram destruídos e incendiados. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram a presença evidente de caminhões, tratores e automóveis no entorno das áreas de recuperação.
“Viemos aqui em uma missão de paz. É isso que buscamos”, disse a ministra a um grupo de produtores e trabalhadores rurais com quem conversou na companhia da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Joênia Wapichana; o coordenador geral de Operações da Força Nacional de Segurança Pública, Luis Humberto Caparroz.
“Um conflito como este não lhe interessa. [produtores rurais]não é do interesse dos povos indígenas e não é do interesse do governo [federal]. Não interessa a ninguém”, afirmou o ministro, reconhecendo a necessidade de ouvir todos os lados envolvidos na questão.
*Léo Ribeiro/Correio do Estado colaborou
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