Líderes da oposição venezuelana e organizações de direitos humanos denunciaram na noite desta terça-feira (6) a prisão de María Oropeza, líder da campanha eleitoral de Edmundo González no estado de Portuguesa. Entretanto, o governo de Nicolás Maduro justifica as mais de 2.000 detenções nos últimos dias, alegando que são “terroristas” que atacam edifícios públicos, forças policiais e líderes chavistas.
Segundo denúncias de opositores, a prisão de María Oropeza teria ocorrido sem decisão judicial. Atualmente não há confirmação desta prisão por parte das autoridades do país.
A organização não governamental (ONG) venezuelana de defesa dos direitos humanos Provea publicou, numa rede social, o vídeo feito por María Oropeza do momento da sua detenção. Em vídeo, você pode ver policiais arrombando a porta de sua casa. Após entrar, um agente de segurança pede o celular do gerente.
“Na Venezuela continua a política estatal de perseguição e repressão, o que constituiria crimes contra a humanidade. É assim que prendem a líder María Oropeza, sem qualquer ordem”, afirmou Provea.
O governo venezuelano tem sido acusado por países e organizações internacionais e de direitos humanos de uso desproporcional da força e de repressão política contra manifestações que questionam o resultado das eleições presidenciais de 28 de julho. Em nota publicada nesta quarta-feira (7), a Provea e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) questionaram a atuação policial nos últimos dias.
Segundo as organizações, “22 pessoas foram assassinadas, 1.062 detidas arbitrariamente e pelo menos 40 desaparecimentos forçados em apenas uma semana, marcando máximos históricos em comparação com outros ciclos de protesto. Estes atos de repressão devem-se a padrões sistemáticos de perseguição anteriormente perpetrados pelas autoridades venezuelanas”.
“Terroristas”
Por outro lado, o presidente Nicolás Maduro justificou nesta terça-feira (6) as mais de 2.200 prisões feitas nos últimos dias, dizendo que eram “terroristas” e que há provas em todos esses casos.
“Eles atacaram os transeuntes. Eles assassinaram pessoas que andavam por uma praça. Queimaram hospitais, clínicas, escolas, universidades. Queimaram 250 módulos policiais, queimaram prefeituras, queimaram sedes do PSUV [partido do governo] com pessoas lá dentro, que conseguimos salvar milagrosamente. Isso se chama protesto?”, questionou ela, citando o caso de uma famosa chavista de 80 anos.
“Ela é famosa em seu bairro porque recebeu uma carta de Chávez. Cinco motos chegaram ameaçando-a. Dos cinco, capturamos três”, disse o presidente.
Sem mencionar a prisão de María Oropeza, o presidente venezuelano questionou o que seria feito nos Estados Unidos se uma pessoa defendesse o assassinato do presidente do país.
“Se nos Estados Unidos aparece alguém no WhatsApp, ou numa rede social, ameaçando matar o presidente, o que acontece com ele? Cadeira elétrica. ‘Thump thump’ Abra a porta”, disse Maduro, imitando o som de uma batida na porta.
“Operação Tun Tun” é o nome da ação policial levada a cabo pelo governo contra pessoas alegadamente acusadas de ameaçar apoiantes do governo.
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