Direto de Paris, França – Os sentimentos são impossíveis de medir ou comparar. Porém, se houvesse uma aposta aleatória em qual atleta brasileiro é o mais triste e abatido após a primeira semana de Jogos Olímpicos de Paris, um nome forte seria o carioca Hugo Calderano.
A imagem do mesa-tenista após a semifinal, em que perdeu para o sueco Truls Moregardhé um declínio visível.
Claro que toda derrota é dolorosa, ninguém se propõe a perder, mas a forma como se perde dita a intensidade e a forma da dor. E Calderano sentiu na pele o gosto agridoce do “quase”.
Antes de mais nada, destaque que o que o brasileiro conquistou em Paris ninguém pode tirar. O tênis de mesa chegou onde nunca havia chegado até então, entre os quatro melhores do mundo. Isso, por si só, já seria suficiente para que o carioca voltasse ao Brasil com orgulho e sentimento de dever cumprido.
Porém, o instinto de atleta de alto rendimento, aliado ao sentimento natural dos milhares de torcedores que conquistou, fizeram o país acreditar que a história poderia ganhar proporções ainda maiores com uma possível final. E o primeiro conjunto, quando Calderano abrindo 10 a 5 no placar, fez tremer a Arena Paris Norte.
Mas aí veio a hesitação: foram 7 oportunidades consecutivas para fechar o primeiro set e ele falhou. Em vez disso, viu o sueco marcar sete pontos consecutivos e vencer o primeiro set por 12-10.
A partir daquele momento já ficou claro para todos os presentes que Hugo havia sentido o golpe.
Mesmo com um segundo set apertado (16 a 14), novamente vencido por Moregardh, o brasileiro continuou cometendo erros que não costuma cometer. Ao vencer o terceiro set por 11 a 7, criou-se um clima de reação, mas o adversário fez questão de devolver o placar no quarto set.
Apesar do clima já vencido do sueco, Calderano conseguiu vencer o quinto set, vencendo por 12 a 10, e reduzindo a vantagem para apenas um set.
Mas o Moregardh só precisava vencer mais uma e foi justamente a sexta, 11-8, sem muitos sustos para fechar o placar em 4-2.
No final, de cabeça baixa, o mesatenista brasileiro recebeu o carinho da torcida, que fez muito barulho gritando seu nome e aplaudindo muito. Mas não foi suficiente. Estava claro em seu rosto que não era suficiente.
“Há um pouco de frustração, mas, sinceramente, pude perceber que ele jogou muito bem, o jogo foi ótimo e o que importa é que ele chegou até aqui, o resultado já é histórico. Obrigado, Hugo Calderano”, comemorou o engenheiro civil Rodrigo Pimenta, com uma bandeira do Brasil enrolada no pescoço.
Só porque ele não chegou à final não significa que a história que Hugo Calderano fez no tênis de mesa brasileiro não possa se tornar maior.
O atleta pode se tornar o primeiro medalhista olímpico da modalidade no Brasil e, para isso, precisa vencer o francês Félix Lebrun, neste domingo (4), às 8h30 no horário de Brasília.
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