O governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), protocolou nesta quinta-feira, 1º, no Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para prorrogar por mais 45 dias o prazo para tentativa de conciliação com a Eletrobras (BVMF 🙂 na ação que discute o poder de voto do Sindicato no conselho da empresa. A informação foi fornecida por Estadão/Transmissão na última terça-feira, 30, e depois confirmado em fato relevante pela Eletrobras na quarta-feira, 31.
“Embora seja possível afirmar que as negociações estão na fase conclusiva do processo conciliatório, é necessário reconhecer que a complexidade intrínseca do caso exige a discussão e a finalização profunda de alguns pontos cruciais”, disse o ministro da AGU, Jorge Messias, na petição.
O pedido será analisado pelo relator do caso, Kassio Nunes Marques. O prazo já foi prorrogado duas vezes, por 90 dias cada, desde dezembro. No ano passado, a AGU entrou com uma ação no STF alegando que, embora o governo detenha 43% do capital da Eletrobras, há sub-representação no conselho e prejuízo ao Estado.
Eletronuclear
Como mostra o Estadão, o governo Lula negocia a troca de parte de suas ações na Eletrobras para assumir o controle total da Eletronuclear. A venda de ações da União na Eletrobras deverá ficar entre 1% e 2%, segundo interlocutores governamentais ouvidos pela reportagem.
O acordo está em fase de aperfeiçoamento e tem como escopo central a participação da União no Conselho de Administração da empresa privatizada em 2022. A avaliação é que ambas as partes estão dispostas a ceder nas negociações.
A Eletrobras não tem interesse na Eletronuclear, devido à sua “estratégia” de energia renovável, concluiu o relatório. A energia nuclear, que tem urânio na cadeia de abastecimento, não é considerada renovável.
Conceder
Além do número de assessores, o Sindicato quer que a Eletrobras avance como subvenção parte dos R$ 32 bilhões que deverão ser pagos pela empresa ao longo de 25 anos. A exigência é que a empresa avance cerca de R$ 26 bilhões, parte neste ano e outra parte no ano que vem. Durante o governo Jair Bolsonaro, na época da privatização, a empresa adiantou R$ 5 bilhões.
O Ministério de Minas Energia espera usar esses recursos para reduzir a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que reúne subsídios que encarecem a conta de luz. O governo editou em abril uma medida provisória prevendo, entre outras medidas, a autorização para que esse valor fosse adiantado por meio de operação de mercado (securitização) – mas essa iniciativa não avançou.
Nesta quinta-feira, 1º, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o processo de securitização pode ser iniciado independentemente da celebração do acordo com a empresa sobre o número de assentos no Conselho. “Estamos caminhando para a securitização paralelamente ao acordo”, declarou o ministro em conversa com jornalistas.
As negociações em andamento estão centradas em três temas: a participação do Sindicato no Conselho de Administração e no Conselho Fiscal da Companhia; a antecipação de recursos devidos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE); e venda de ações da Eletrobras pelo controle integral da União na Eletronuclear.
O ministro Silveira não confirmou o número de cadeiras no conselho, que tende a ser três, segundo interlocutores. A intenção, disse o ministro, é ter proporcionalidade com o número de ações governamentais na Eletrobras, em 43%. Para ele, a Eletrobras foi a empresa que a União “deu a mão” no setor elétrico, ao criticar o processo de privatização.
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