O Ministério da Fazenda estima que os aumentos de impostos e do preço mínimo dos cigarros devem gerar um ganho de arrecadação de R$ 299,54 milhões neste ano, saldo positivo que saltará para R$ 3,017 bilhões em 2025 e R$ 3,051 bilhões para o orçamento de 2026. O impacto menor neste ano se deve ao curto espaço de tempo para que as mudanças entrem em vigor em 2024.
O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) só valerá a partir de 1º de novembro, enquanto o aumento do preço mínimo entrará em vigor a partir de 1º de setembro. No caso do IPI, embora a alíquota ad valorem permaneça em 66,70%, a alíquota específica para maços e caixas passará dos atuais R$ 1,50 para R$ 2,25.
O preço mínimo passará de R$ 5 para R$ 6,50. Estudos para aumentar esse valor foram antecipados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
Como mostrou o relatório, a suspensão do preço mínimo dos cigarros provocou uma redução sustentada no valor médio real de um maço de 20 cigarros fabricado por empresas legalmente registadas no país.
Segundo a Receita, o aumento da arrecadação tributária decorrente dos reajustes será utilizado como medida compensatória à renúncia de receita gerada pela Lei nº 14.943, de 13 de julho deste ano. A legislação foi responsável por estender o mesmo tratamento tributário concedido à soja ao farelo e ao óleo de milho em relação à incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
Preço baixo
A lei de 2011 criou uma política de preço mínimo para mercadorias, com vigência a partir de maio de 2012, quando esse piso passou a ser de R$ 3, aumentando anualmente em R$ 0,50 até atingir R$ 4,50. em 2015. Em 2016 foi publicado o último decreto sobre o tema, fixando o valor em R$ 5.
O limite mínimo é válido em todo o território nacional e qualquer cigarro vendido abaixo desse valor será ilegal, afirma o site do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo a Receita, se os valores fossem corrigidos pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alíquota específica já teria sido elevada para R$ 3,45 e o preço mínimo para R$ 11,88. “De 2016 a março de 2022, a falta de reajuste provocou uma queda real de 26% nos preços reais dos cigarros brasileiros”, disse o órgão.
Além da arrecadação de recursos, a iniciativa de aumentar o preço mínimo dos cigarros apela à agenda da saúde pública. O Inca destaca, por exemplo, que aumentar os impostos e os preços deste produto é a medida mais eficaz – especialmente entre os jovens e as populações mais pobres – para reduzir o consumo.
A desvalorização do item fez do Brasil o segundo país com os menores preços de cigarros das Américas, logo atrás do Paraguai (divulgado em maio de 2023 pelo INCA), “o que acaba se tornando um impulsionador do tabagismo. A falta de correção de valores, em prática, é uma política que reduz receitas e aumenta despesas com saúde pública”, disse a Receita.
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