Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam a sessão com queda firme, principalmente entre os contratos mais longos, acompanhando a queda dos rendimentos do Tesouro no exterior, após o Federal Reserve dar indicações de que poderá iniciar o ciclo de cortes nas taxas. taxas de juros em setembro, enquanto no Brasil os investidores ainda aguardavam a decisão do Copom na noite de quarta-feira.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – ficou praticamente estável, em 10,725%, ante 10,718% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,65%, ante 11,679% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,87%, ante 11,951%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 12,01%, ante 12,113%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,99%, ante 12,091%.
A “super quarta-feira” dos investidores teve em pauta decisões sobre taxas de juros do Banco do Japão, do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, além da formação da taxa Ptax de final de mês no mercado de câmbio brasileiro .
O dia começou com o Banco do Japão elevando sua taxa básica de juros para 0,25% ao ano, surpreendendo a maioria dos investidores globais e registrando ganhos firmes frente ao real devido à disputa pela Ptax – a taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado spot e que serve de referência para liquidação de contratos futuros.
Apesar do avanço do dólar frente ao real, as taxas do DI registraram perdas firmes pela manhã, em linha com a queda dos rendimentos do Tesouro no exterior, onde os investidores aguardavam a decisão do Fed e a coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell.
Como esperado, a Fed anunciou às 15h00 a manutenção da sua taxa de juro no intervalo entre 5,25% e 5,50%, mas indicou que os cortes poderão começar em setembro.
“Houve algum progresso adicional em direção à meta de 2% (inflação) do Comitê”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed em comunicado. Para o colegiado, a inflação agora está apenas “um pouco alta” – um importante rebaixamento em relação à avaliação que o Banco Central fazia anteriormente, de que a inflação estava “alta”.
Após os comentários de Powell, as projeções de cortes em setembro ganharam ainda mais força. Segundo o presidente do Fed, um corte nas taxas de juros poderá ser considerado na próxima reunião se a inflação cair em linha com as expectativas.
“A porta estava aberta para cortes em setembro e o mercado já está reagindo bem a isso. Os principais índices (de ações) norte-americanos (estão) subindo bem”, comentou Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, durante a tarde. “O mercado de trabalho não parece atualmente ser uma fonte de pressão sobre a inflação. Esse foi um dos grandes pontos de atenção”, acrescentou.
Neste cenário, os rendimentos dos títulos norte-americanos permaneceram baixos. Paralelamente, a taxa DI de janeiro de 2027 – uma das mais líquidas – atingiu mínima de 11,80% às 15h42, durante entrevista de Powell, queda de 15 pontos-base em relação ao ajuste do dia anterior.
No final da tarde, os investidores também faziam os ajustes finais antes da decisão do Copom, marcada para depois das 18h30. Com a queda das taxas nesta quarta, a curva a termo brasileira precificava perto de fechar 93% de chance de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano nesta quarta. A probabilidade de um aumento de 25 pontos base era de 7%. Na sexta-feira passada os percentuais eram de 80% e 20%, respectivamente.
No entanto, a curva ainda avalia chances majoritárias de pelo menos um aumento da Selic em 2024, em novembro, num momento em que as instituições do mercado alertam para a inflação ainda sob pressão no Brasil.
“Nesse cenário de juros parados, que é o que esperamos até o final do ano que vem, o risco maior é que o BC tenha que subir (a Selic), ao invés de reduzir novamente os juros, justamente por isso confluência de pressões inflacionárias, que precisam ser monitoradas”, afirmou o economista-chefe da XP (BVMF), Caio Megale, em comentário enviado a clientes. “Nesta reunião agora ele deve comentar um pouco sobre isso.”
Às 19h36, o índice – referência global para decisões de investimentos – caía 6 pontos-base, para 4,08%.
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