Os distúrbios registados na Venezuela nos últimos dias incluem o incêndio de estabelecimentos comerciais, edifícios públicos utilizados para serviços como saúde e educação e locais ligados ao partido do governo (PSUV). Há também relatos de intimidações e ataques a apoiadores do governo e líderes comunitários ligados ao chavismo.
Vídeos que registram os ataques e atos de violência foram publicados na mídia estatal venezuelana e nas redes sociais. Desde o anúncio da vitória de Maduro nas eleições do último domingo (28), a oposição denunciou fraudes e convocou manifestações de protesto.
Ao comentar a violência nas ruas e exibir vídeos de ataques a edifícios públicos e comerciais, o presidente Nicolás Maduro questionou se os atos foram pacíficos e provocou o Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, que acusou o governo de fazer uso desproporcional da força contra manifestações pacíficas.
“Isso é um protesto, Volker Türk? Este protesto é legítimo? Isto é democracia ou é fascismo criminoso? Os Estados Unidos [EUA]os seus aliados, a União Europeia e Volker Turull dirão que estes são presos políticos”, afirmou, após mostrar vídeos de atos violentos registados no país.
O governo tem recebido críticas da mídia, de líderes de outros países e de organizações não governamentais por causa das prisões em massa e da violência nas ruas do país.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, candidata à Casa Branca em novembro, comentou a situação numa rede social. “A violência, o assédio e as ameaças contra manifestantes pacíficos e atores políticos são inaceitáveis”, disse ela.
O governo Maduro, por sua vez, sustenta que os responsáveis são grupos organizados para cometer violência e que foram registados casos de assédio e intimidação contra líderes ligados ao governo.
“Um dos métodos destes grupos criminosos é intimidar os líderes do CLAP [programa social de alimentação fo governo]os líderes de rua, os líderes comunitários, os porta-vozes dos conselhos comunais, que os enfrentaram com dignidade”, afirmou.
As autoridades venezuelanas afirmam que algumas das cerca de 750 pessoas presas nos tumultos foram pagas para cometer os atos violentos. Vídeos com relatos de supostos manifestantes presos admitindo ter recebido dinheiro para atacar alguns locais estão sendo veiculados na mídia oficial.
Maduro culpou Edmundo González, seu principal adversário nas eleições de domingo, e a opositora María Corina Machado pela violência. “Quem lhes deu a ordem? Que objetivos tinham para atacar e queimar a Polícia Nacional, atacar transeuntes, atacar quem se parecesse com um chavista?”, questionou.
O presidente da Venezuela prometeu criar um fundo para compensar as pessoas que sofreram perdas materiais devido aos distúrbios e tomar medidas de proteção para os líderes chavistas ameaçados.
Oposição
Apesar dos atos violentos, também foram registradas manifestações pacíficas no país, como o ato realizado por Edmundo González e María Corina Machado na terça-feira (30), em Caracas.
Numa rede social, González manifestou solidariedade “ao povo pela sua justificada indignação. O candidato lamentou as informações sobre mortes, feridos e detenções durante os distúrbios e apelou às forças armadas e de segurança para “pararem com a repressão às manifestações pacíficas. Você sabe o que aconteceu no domingo. Cumpra seu juramento.”
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