Enquanto o bioma arde em chamas, bancadas de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso tinham outras prioridades
Mesmo com a extensão recorde de queimadas neste ano, nenhum parlamentar alocou emendas para prevenir e combater incêndios no Pantanal. Não houve envio de recursos por meio de emendas de bancada, por exemplo.
Nenhum parlamentar de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados onde fica o Pantanal, indicou recursos para prevenção e combate a incêndios na região.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas possui duas ações específicas para prevenir e combater incêndios florestais. O total indicado ultrapassa R$ 1,4 milhão, mas não foi para o Pantanal.
Voltando às alterações, no título “Prevenção e Controle de Incêndios Florestais em Áreas Federais Prioritárias”, que poderiam ajudar o Pantanal, apenas os deputados Amom Mandel (Cidadania-AM), José Guimarães (PT-CE) e Leo Prates (PDT- BA) destinou emendas individuais aos seus respectivos estados, conforme Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento).
Quando um parlamentar indica recursos para determinada localidade, o valor não pode ser utilizado em outra região.
Os parlamentares de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul somam 22 no total. São filiados a partidos como PL, PP, MDB, União Brasil e PT.
Outros fundos
Em 2024 também houve indicação para a ação “Fiscalização e Prevenção Ambiental e Combate a Incêndios Florestais”, com destinação nacional, ou seja, o valor pode ser utilizado em qualquer lugar do Brasil. A diretoria indicou R$ 9,3 milhões e R$ 7,5 milhões já foram pagos.
Os dados também são do Siop. A ação prevê monitoramento, fiscalização, fiscalização e manejo integrado do fogo em unidades de conservação federais.
A seção propõe ainda a “gestão de riscos e emergências ambientais (…) formação e contratação de brigadas de prevenção e combate a incêndios florestais”.
O valor foi usado para pagar salários, comprar materiais e preparar planos para os incêndios. O recurso ficou a cargo do Instituto Chico Mendes, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.
Registrar incêndios
O Pantanal registra número recorde de queimadas este ano. Até o mês de junho, o incêndio já havia atingido 372 mil hectares, área mais que o dobro da área urbana de São Paulo (SP). A extensão da devastação no bioma é 54% maior que a área atingida pelas queimadas no mesmo período de 2020, pior ano de queimadas na região, com a destruição de 241,7 mil hectares.
Houve ainda outra ação no Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, mas indicada por outros cinco parlamentares. Esta ação, que trata de estudos de infraestrutura e técnicos para unidades de conservação, incluindo o Pantanal, recebeu alterações individuais de Castro Neto (PSD-PI), Chico Alencar (PSOL-RJ), Gilson Daniel (Podemos-ES), Marcelo Castro (MDB -PI) e Rubens Otoni (PT-GO) este ano. Totalizam R$ 12,7 milhões.
A ação integral prevê, entre outros pontos, atender às diversas demandas das unidades de conservação, como “manutenção, gestão, regularização fundiária, estudos técnicos, uso público, infraestrutura, contratação de agentes ambientais temporários e contratação de aeronaves”.
Além disso, estão previstas ações para “desenvolver práticas econômicas sustentáveis dentro e no entorno das unidades”.
O Pantanal tem sofrido com queimadas todos os anos, mas o que tem ocorrido mais recentemente é uma seca severa no bioma. Além disso, os especialistas detectaram uma falta de coordenação entre a comunidade local e as autoridades relativamente às ações preventivas contra incêndios. O orçamento, como explicado acima, também tem sido insuficiente.
Baixo orçamento
No Orçamento Anual da União de 2024, a previsão era que o Ministério do Meio Ambiente tivesse R$ 3,72 bilhões em caixa. E neste ano eleitoral, os parlamentares optaram por um setor famoso por ter retornos mais rápidos, seja pela liberação mais rápida de recursos ou pela reputação de atender as bases com mais rapidez: a saúde. A escolha atende ao pedido de prefeitos que foram ao Congresso em 2023 para garantir os recursos.
Ainda neste ano, o governo federal editou uma MP com crédito extraordinário no Pantanal de R$ 137,6 milhões.
O valor será utilizado para reduzir os efeitos da seca e combater incêndios no Pantanal. Os recursos vão para os ministérios do Meio Ambiente, Defesa e Justiça e Segurança Pública.
Os ministérios têm duas formas de investir recursos em ações práticas. Uma delas é a utilização de recursos próprios do departamento. A outra é com o empenho e dispêndio de recursos indicados pelos parlamentares, as chamadas emendas.
Entenda as alterações
As emendas parlamentares foram criadas pela Constituição de 1988. Elas são divididas em emendas individuais (a que têm direito todos os deputados e senadores), emendas de bancada (os parlamentares de cada estado definem prioridades para a região) e emendas de comissão (definidas pelos membros dos órgãos colegiados). do Congresso Nacional). A atribuição de emendas parlamentares é a forma mais fácil de deputados e senadores alimentarem suas bases eleitorais.
É possível indicar valores para diversas áreas por meio dos ministérios, conforme negociações feitas com prefeitos e governadores.
Indicar os valores é o primeiro passo para um parlamentar enviar dinheiro ao seu estado. A segunda etapa é o comprometimento, quando o recurso é reservado e só depois pago.
Embora a indicação seja feita pelos parlamentares, é o ministério responsável pelos recursos que autoriza e autoriza o pagamento dos valores.
Custo
Relatório publicado nesta segunda-feira (29) pelo Correio do Estado, mostra que ao longo deste ano mais de 897 mil hectares foram devastados no Pantanal por incêndios, e a situação continua afetando quase 6% do território afetado, segundo dados do Laboratório de Aplicações Ambientais por Satélites da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/URFJ).
Este incêndio deixa um rasto de danos ambientais e económicos. Em termos de valores, os valores que o incêndio consumiu do poder público federal, estadual e da iniciativa privada ultrapassam R$ 204,8 milhões.
(Com informações da Agência Folha)
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