Procurado desde 1998, quando fugiu do Presídio Público de Vila Branca, em Ribeirão Preto (SP), um dos maiores traficantes da década de 1990 foi preso nesta sexta-feira (26) durante a Operação Esconderijo, da Polícia Federal, em Ponta Porã. Douglas Kennedy Lisboa Jorge, 51 anos, seria o responsável pelo envio de cargas de cocaína da Colômbia e da Bolívia para o interior de São Paulo.
Segundo a Polícia Federal, Douglas tinha dois mandados de prisão pendentes. Foi um dos “grandes traficantes de drogas da década de 90, especializando-se em internalizar remessas de drogas de outros países da América Latina para o território brasileiro. Também foi alvo de duas Operações da Polícia Federal: Andorra e Estone, lançadas respectivamente em 2001 e 2003”.
O traficante fugiu do presídio com outros cinco internos no dia 12 de novembro de 1998, quando os internos cavaram um túnel de aproximadamente um metro e meio do pátio até a área em frente ao muro do presídio de Ribeirão Preto.
Na época Douglas tinha 25 anos e fugiu acompanhado de: Severo Santiago dos Santos, Luciano Annes, José João de Oliveira, César Paulo Capato e Aurélio Cássio Dorta, segundo a Folha de São Paulo.
Na fronteira, o foragido usou documentos falsos e teria ajudado organizações criminosas na logística de transporte de drogas do Paraguai, na divisa com Mato Grosso do Sul, até São Paulo.
Na operação desta sexta, a PF contou com a cooperação do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), da Polícia Nacional do Paraguai (PNP) e do Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF), que realizou três ordens de busca em Pedro Juan Caballero , no Paraguai.
Do lado brasileiro, foi cumprido mandado de busca e apreensão em Ponta Porã, além da prisão de Douglas.
Segundo o jornal paraguaio La Tribuna, Douglas se dedicava a enviar carregamentos de drogas da Bolívia e da Colômbia para o Paraguai, e de lá para o interior de São Paulo, “usando rotas em conluio com figuras do tráfico de drogas no continente”, como Sheik ( um dos líderes de uma gangue especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro) e Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca (traficante de drogas que criou uma empresa multinacional de tráfico de drogas na fronteira).
“Para nós, este é o início de toda a investigação financeira subsequente que teremos. Considera-se que mantém uma coordenação criminosa muito importante, foram encontrados documentos relativos aos carregamentos, por isso estima-se que continue no mesmo tema”, disse o chefe do Departamento contra o Crime Organizado, comissário Luis López, ao jornal paraguaio .
Segundo a publicação, Douglas possuía diversas propriedades no Paraguai, que seriam utilizadas para atividades ilegais.
“Do lado paraguaio, a tarefa é revelar os bens que este suspeito possui em nosso país, colocá-lo à disposição da justiça, que deve definir o destino que lhe será dado”, acrescentou o comissário ao La Tribuna.
PRESCRIÇÃO
Em uma das condenações por tráfico de drogas na Justiça de São Paulo, a defesa de Douglas Kennedy entrou este ano com pedido de prescrição da pena de 4 anos e 4 meses de prisão.
De acordo com um processo que tramita desde abril deste ano no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a questão teria transitado em julgado em 2010 e depois disso Douglas Kennedy não foi preso, pois estava foragido, no entanto , a defesa afirma que ele não poderia mais ser preso porque já havia cumprido a pena há mais de 13 anos.
O recurso da defesa do traficante ainda não foi julgado, pois em seu último ato, na última segunda-feira (22), o desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara de Direito Penal do TJSP, entendeu que o assunto deveria ser analisado pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal, pois já havia atuado no processo e determinado que o texto fosse enviado para lá.
Descobrir
O Ministério Público do Paraguai também colaborou com a operação da Polícia Federal brasileira, já que Douglas Kennedy Lisboa Jorge também é investigado no país vizinho por tráfico internacional de drogas.
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