Com investimento público de R$ 73,96 milhões nos primeiros quatro meses de 2024, Campo Grande está entre as capitais brasileiras que dispararam em volume de investimentos no período. Dados do portal Compara Brasil, que consolida informações de relatórios resumidos de execução orçamentária enviados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional, mostram que a capital sul-mato-grossense aumentou 104,4% as aplicações em relação ao mesmo período de 2023, quando foram R$ 36,18 milhões. investido.
Contando com um saldo de caixa robusto e em ano eleitoral, 19 das 25 capitais apresentaram aceleração nos investimentos, com Campo Grande aparecendo entre as seis com mais que o dobro dos investimentos.
Belém, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Salvador compõem o ranking onde o aumento foi superior a 100% de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, em outras nove prefeituras, o ritmo de crescimento ultrapassou 50%.
O investimento agregado da Capital de Mato Grosso do Sul totalizou R$ 73,96 milhões (104,4%), – valor corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial, de junho – no 1º quadrimestre de 2024, um valor que quando comparado com o realizado entre janeiro e abril de 2020 resulta num aumento percentual de 177,2%, em quatro anos, quando foram eleitos os atuais autarcas.
Quando comparado com o mesmo período de 2020, o crescimento do investimento foi ainda maior. Das 25 capitais, 22 apresentaram aumento. Em 14 prefeituras – Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Natal, Palmas, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória – o valor investido mais que dobrou em termos reais .
Ainda segundo o portal Compara Brasil, o desempenho acumulado da Receita Corrente Líquida (RCL) de janeiro a abril de 2024 aumentou 6,3%, já que no ano passado foram R$ 1,755 milhão de receita ante R$ 1,865 milhão deste ano, até abril .
ANÁLISE
Considerando a situação eleitoral, o economista Eduardo Matos destaca que é comum e uma prática brasileira fazer investimentos, especialmente investimentos tangíveis, como asfalto, habitação, postos de saúde e escolas.
Quanto à origem dos recursos, Matos explica que muitos vêm de repasses do governo federal, principalmente pós-pandemia. “A pandemia fez com que o governo federal tivesse que auxiliar nas finanças dos municípios, então eles desenvolveram alguns repasses para fazer investimentos nas capitais, e nisso podemos destacar Campo Grande”.
O doutor em Administração Leandro Tortosa destaca que esse cenário foi possível devido ao crescimento econômico iniciado em 2021, impulsionado pelo aumento do PIB, pela inflação e pela alta das commodities, que aumentaram a arrecadação de impostos e as transferências de recursos.
“Campo Grande aproveitou o cenário econômico favorável para ampliar significativamente seus investimentos. Ao acelerar esses investimentos, a cidade tem a oportunidade de melhorar sua infraestrutura, serviços públicos e qualidade de vida dos cidadãos”, explica.
O mestre em Economia Lucas Mikael que, apesar de ter essa “corrida” para aplicar recursos em ano eleitoral, acaba beneficiando o cidadão. “A aplicação estratégica destes recursos pode não só melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, mas também estimular o crescimento económico local.”
NACIONAL
O valor investido por 25 capitais, considerando Campo Grande, atingiu R$ 5,2 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano, marcando um crescimento real de 64,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em relação a 2020, ano de posse dos atuais prefeitos, o valor investido mais que dobrou, de R$ 2,32 bilhões entre janeiro e abril daquele ano, o total saltou para R$ 5,2 bilhões em 2024.
Ao final do ano passado, as capitais encerraram com saldo de R$ 10,31 bilhões, ante R$ 1,91 bilhão de 2019, com todos os valores atualizados pelo IPCA até maio deste ano.
As despesas foram consideradas liquidadas e a disponibilidade de recursos não inclui aquelas não garantidas, deduzidos os saldos não pagos e não processados. Macapá não foi incluída nas comparações, pois os dados de 2023 ainda não estavam disponíveis no momento da coleta das informações.
Ao analisar a situação nacional, a pesquisa revela que os atuais mandatos foram fortemente favorecidos pelas condições de investimento. Segundo avaliação da economista do Compara Brasil, Tânia Villela, ao jornal Valor Econômico, a disponibilidade agregada de caixa das capitais, que ficava abaixo de R$ 2 bilhões em 2018 e 2019, período pré-pandemia da covid-19, saltou para R$ 7,42. bilhão em 2020.
“O pico de caixa nesse período foi mais recentemente em 2021, quando atingiu R$ 19,35 bilhões”, detalha.
Segundo a explicação de Tânia, a disponibilidade de recursos teve duas origens principais e, em 2020, o auxílio financeiro do governo federal aos estados e municípios para mitigar os efeitos econômicos da pandemia foi, em média, maior que o necessário.
“Houve uma surpresa com a economia do setor público, pois muitas despesas foram suspensas. Os municípios reduziram gastos porque atividades como aulas e eventos culturais foram interrompidas.”
O economista destaca ainda que até dezembro de 2021 houve restrições ao aumento das despesas com pessoal, o que ajudou a conter as principais despesas correntes dos municípios.
Segundo Alberto Borges, economista do Compara Brasil, essa contenção ocorreu num ano em que a inflação medida pelo IPCA foi de 10%.
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