Mesmo com a ordem de despejo ordenada pelo juiz federal de Dourados, Rubens Petrucci Junior, a comunidade indígena Guarani Kaiowá da terra Panambi-Lagoa Rica permanece na área privada que está sendo reivindicada.
Segundo a deputada estadual Gleice Jane (PT), que acompanha a situação do conflito fundiário em Douradina, após determinação do Judiciário, as emoções na terra indígena foram apaziguadas pelos agricultores que ali também acampam, e os indígenas permanecem na terra. território reivindicado.
“Os indígenas ainda não foram notificados [sobre a ordem de despejo] e continue a retomar. Não tivemos nenhum movimento e continuamos tentando um caminho possível”, disse Gleice Jane.
A reportagem do Correio do Estado também questionou a coordenação regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que também informou que ainda não foi notificada sobre a determinação do juiz em relação ao conflito fundiário.
O juiz que determinou a ordem de despejo nesta quarta-feira (24) deu aos Guaranis Kaiowás prazo de cinco dias para deixarem o imóvel ocupado. Esse prazo termina, portanto, na próxima segunda-feira (29), dia em que o Ministério Público Federal (MPF) marcou uma segunda reunião para resolver o conflito fundiário com a presença de representantes de produtores rurais e indígenas.
Conforme texto do documento assinado pelo magistrado federal. O juiz pede “atenção ao governador Eduardo Riedel em relação ao conflito e também uma mobilização efetiva da Polícia Militar para garantir o despejo dos indígenas no sítio “José Dias Lima”, de 147,7 hectares, localizado na MS-470, rodovia que liga Douradina ao município de Itaporã.
Nas redes sociais, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu) comentou a ordem de despejo.
“Chegou a ordem de despejo para as comunidades indígenas, com prazo de 5 dias dado por esse tribunal de homens brancos rurais, a comunidade, os proprietários de terras não vão sair”, disse em mensagem publicada.
O posicionamento continua informando que “a área que os agricultores solicitam são terras Kaiowá e Guarani, o título de propriedade ilegal que eles acreditam existir há mais de 35 anos não vale para nós que sempre estivemos aqui”.
BUSQUE A SOLUÇÃO
Nesta terça-feira (23), o Ministério Público Federal em conjunto com a deputada estadual Gleice Jane (PT) estiveram presentes na área reivindicada pelo povo Guarani Kaiowá, na região rural de Douradina, onde há disputa por terras desde 14 de julho entre indígenas e agricultores.
O conflito na região se agravou depois que proprietários rurais foram convocados pelo Deputado Federal, Marcos Pollon (PL), no sábado (20), para acampar na área reivindicada pelo povo indígena Guarani Kaiowá, no território Panambi-Lagoa Rica, em Douradina .
Segundo o Ministério Público Federal, a ação resultou em conflito na área de propriedade privada reivindicada pelos indígenas, que fica entre duas áreas já ocupadas, chamadas Gwa’aroka e Guyra Kambiy.
Conforme relatado pelos indígenas ao MPF, durante o final de semana houve uma tentativa de ocupação de parte da área reivindicada como território tradicional pelos Guarani e Kaiowá.
Com isso, os proprietários teriam se unido e formado um comboio com diversos caminhões para realizar a reintegração de posse, transportando fogos de artifício e armas com munições letais e não letais. Dois indígenas ficaram feridos, conforme apurou o MPF.
Diante desse incidente, o Ministério Público Federal, nesta segunda-feira (22), realizou uma reunião entre as partes envolvidas na sede do MPF em Dourados, com o objetivo de mediar uma solução para acabar com o conflito e a violência.
Nesta reunião ficou acordado apenas que entre os presentes não haveria movimentação ou conflito nem por parte dos produtores rurais nem por parte dos Kaiowá e Guarani, até que haja uma solução consensual entre as partes.
Também foi marcada uma nova reunião para o dia 29 de julho, também na sede do MPF, em horário a definir.
DESCOBRIR
A Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica já é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares em 2011. Porém, o processo de homologação continua paralisado na Justiça.
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