Os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, se reuniram nesta quinta-feira para discutir as eleições na Venezuela. Durante a conversa, os dois avaliaram que o resultado está em aberto e que não é possível antecipar um vencedor, seja Nicolás Maduro ou o adversário Edmundo González.
Em reunião que durou três horas, no Itamaraty, Vieira e Murillo apresentaram opiniões coincidentes sobre a eleição e consideram que as pesquisas de opinião no país vizinho são divergentes.
Ainda segundo interlocutores ouvidos pelo GLOBO, o momento é de cautela. Após a reunião seguida de almoço, os dois chanceleres despediram-se sem fazer declarações públicas, com o objetivo de evitar que qualquer discurso relativo às eleições fosse considerado uma interferência nos assuntos internos.
Murillo veio ao Brasil para participar de reunião do G-20, grupo formado pelas maiores economias do mundo. Ele aproveitou para solicitar uma audiência com o chanceler brasileiro, diante da preocupação com o risco do cenário atual na Venezuela.
Maduro tem dado ao público informações contraditórias. Disse que haverá um banho de sangue no país se perder as eleições para Edmundo González. Ao mesmo tempo, afirmou que reconhecerá o resultado da eleição.
Os governos do Brasil e da Colômbia participaram das negociações do Acordo de Barbados, concluído em outubro do ano passado. Os representantes de Maduro e da oposição concordaram que as eleições devem ser livres, transparentes, justas e com o resultado aceite por todos.
Em abril deste ano, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro discutiram a eleição no país vizinho, durante visita do brasileiro a Bogotá. Na época, Petro chegou a falar na possibilidade de um plebiscito, para garantir direitos a quem perder as eleições. Lula reforçou a posição do Brasil contra a aplicação de sanções econômicas à Venezuela pelos Estados Unidos.
Em entrevista ao GLOBO, na semana passada, María Corina Machado, principal líder da oposição no país, disse que não haverá vingança, nem revanchismo. Ela defendeu uma transição pacífica entre um governo e outro, em caso de vitória de González.
Além da situação na Venezuela, Vieira e Murillo discutirão a relação bilateral, com temas sociais, econômicos, comerciais, ambientais e culturais. Brasil e Colômbia compartilham mais de 1.600 km de fronteira amazônica e defendem uma agenda sustentável.
O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial da Colômbia. As exportações brasileiras para o país vizinho totalizaram US$ 3,8 bilhões em 2023, enquanto as importações atingiram o valor de US$ 2,3 bilhões. Mais de 70 empresas brasileiras estão localizadas no país.
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