Marina Silva havia dito que as queimadas no Pantanal foram, em sua maioria, causadas pelo homem e em áreas privadas, o que desagradou os produtores rurais
Atualmente, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBBMS) trabalha no combate a seis incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense, um deles na região da Nhecolândia, provocados por um caminhão. Ele teria ficado preso na areia, e por ter sido muito “forçado” para tentar sair, acabou ficando sobrecarregado e pegando fogo.
Durante transmissão ao vivo para atualizar a situação do bioma, realizada na manhã desta quinta-feira (25) pelo Governo do Estado, o subcomandante do CBBMS e comandante da Operação Pantanal, coronel Adriano Noleto Rampazo, aproveitou para “rebater” o ministro do Meio Ambiente, Marina Silva, que disse que os incêndios no Pantanal foram causados pelo homem e que a maioria acontece em áreas privadas.
“Nada é proposital, nem todos os incêndios são propositais”, disse o coronel, “na verdade a maioria não é, né? Costumamos dizer isso”, acrescentou.
Em seu discurso, feito durante evento dedicado ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a ministra Marina Silva chegou a citar Corumbá, onde ocorreu o grande incêndio citado acima, como exemplo do efeito da ação humana.
“Gostaria de dizer que 85% desses incêndios estão acontecendo em terras privadas. No momento não temos incêndios por ignição natural (…) Todos eles são decorrentes da ação humana, seja por desmatamento ou queimadas E gostaria de dizer também que os municípios que mais desmatam são os que têm mais queimadas. O município de Corumbá é responsável por metade das queimadas no MS e aumentou o desmatamento em 52%”, disse. Marina.
O discurso desagradou aos produtores rurais. Na ocasião, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrisul) emitiram notas oficiais contestando a fala do ministro, argumentando que as queimadas no bioma não são de sua responsabilidade. . dos produtores rurais e nem sequer estão associados ao desmatamento.
Agora, o Estado trouxe o exemplo de incêndio provocado pela ação humana, mas acidentalmente, e em local que não pertence a nenhuma propriedade privada.
Acesso difícil
O incêndio começou na região da Nhecolândia, próximo à fazenda Tupaceretã, na última terça-feira (23), mas os militares só conseguiram chegar ao local no final de ontem. Nesta quinta-feira (25) aeronaves serão utilizadas para facilitar a mobilidade na região e intensificar o combate ao fogo.
“A semana passada foi um pouco calma, por causa daquela chuva e da baixa temperatura, mas esta semana foi bastante intensa. Hoje estaremos combatendo, principalmente, o incêndio da Nhecolândia. Será o foco principal, porque esta região é muito sensível, tem muitas fazendas e também fica próximo ao Parque Estadual do Rio Negro”, disse Rampazo.
Além dos militares da CBB,S, o Ibama dá apoio in loco, com aeronaves, e o KC-390 da Força Aérea Brasileira.
“As aeronaves são fantásticas, ajudam muito. Nossa equipe saiu para chegar lá na noite de terça-feira e ontem tentou acessar o local o dia todo. para puxar os veículos. Alguns veículos ainda não conseguiram chegar. Deslocamos de helicóptero para a Nhecolândia, equipes que foram levadas da região de Maracangalha. E esse helicóptero vai ajudar na mobilidade dessas equipes durante o combate do Pantanal. , e mesmo assim o acesso é bastante complicado”, acrescentou o comandante da Operação Pantanal.
Outros focos
Embora os esforços estejam mais concentrados na região da Nhecolândia, equipes do Corpo de Bombeiros continuam combatendo e monitorando as seguintes regiões:
- próximo à fazenda Caiman, em Aquidauana;
- região do Porto da Manga;
- região da Área de Formação do Rabicho;
- próximo à região de Maracangalha;
- próximo a Rio Verde (MS).
O tempo não vai cooperar
Segundo o diretor do Centro de Monitoramento de Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Valesca Rodriguez Fernandes, as condições meteorológicas nos próximos dias não deverão ajudar no combate aos incêndios, pelo contrário, serão aliadas do fogo.
Entre quinta e domingo, o tempo permanecerá firme, com sol, poucas nuvens e temperaturas estáveis, acima da média. As máximas podem variar de 34ºC a 37ºC, e as mínimas de 21ºC a 23ºC.
Além disso, o clima permanece seco, com umidade entre 10 e 30%.
“Todas essas condições previstas são favoráveis à ocorrência de incêndios florestais”, disse Valesca. “O perigo de incêndio, segundo o Laboratório de Aplicações Ambientais por Satélites (Lasa), situa-se entre o muito elevado e o extremo, sendo os piores dias entre 27 e 28 de julho”, acrescentou.
Apesar da chegada de uma frente fria na segunda-feira, ainda não há previsão de chuva para o Pantanal, apenas para o município de Porto Murtinho.
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