A Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza levará à reunião de líderes do G20, em novembro, no Rio de Janeiro, propostas de boas práticas para combater esses problemas em todo o mundo. Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a prioridade dessas práticas deve ser as crianças e os adolescentes.
“Infelizmente, ainda temos muitos desafios em relação à situação das crianças no mundo. E são impactados desproporcionalmente pela pobreza e pela má nutrição”, disse ele nesta quarta-feira (24) ao Agência Brasil a chefe de Política Social do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea. Segundo Liliana, a Presidência do Brasil colocou crianças e adolescentes no centro desse debate e convidou o Unicef a incluir o tema nas discussões entre os países do G20 que acontecem desde segunda-feira (22), no Rio, em torno da criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Em todo o mundo, 333 milhões de crianças vivem em pobreza extrema e mil milhões em pobreza multidimensional, ou seja, estão privadas de alguns direitos essenciais, como habitação, água e saneamento, rendimento digno, educação. “É importante que as respostas sejam também intersetoriais, porque precisamos que a luta pela redução da pobreza infantil tenha essa perspectiva de política pública intersetorial.”
Liliana Chopitea afirmou que o pré-lançamento da Aliança Global para a Presidência do Brasil visa precisamente encontrar boas práticas e identificar políticas eficazes já existentes, para que possam ser partilhadas e aplicadas em diferentes contextos, dependendo naturalmente das realidades nacionais.
Decisão política
Segundo Liliana, a presença da Unicef em mais de 190 países significa que a organização conhece e trabalha em estreita colaboração com muitos governos para soluções eficazes para a pobreza e a desnutrição. Para ela, não há segredo novo. “Já está claro o que precisa ser feito. O que falta é a decisão política.” Liliana destacou que na reunião ministerial de hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou um importante compromisso político: priorizar o combate à fome e à pobreza e incluir as crianças nesta agenda.
“O Unicef traz a mensagem clara de que não há nada de novo e que políticas bem-sucedidas foram implementadas em muitos países, inclusive no Brasil, para reduzir a pobreza. Não precisamos inventar nada. [As políticas] Estão lá. E é necessária uma decisão política que os membros do G20 tomem, porque esta é uma prioridade: as crianças têm de estar no centro da discussão. É também importante que os recursos financeiros sejam aplicados para priorizar políticas que efetivamente ajudem a reduzir a pobreza multidimensional e a desnutrição”, reforçou.
Alargamento
Segundo o responsável pela Política Social da Unicef, a cobertura da protecção social precisa de ser mais ampla. A protecção social é um dos caminhos, mas deve ser integrada com vários outros caminhos. No caso de crianças e adolescentes, o objetivo é facilitar o acesso à nutrição e a outras necessidades básicas, como água e saneamento, que muitas vezes impedem que as crianças tenham acesso a instalações e sejam protegidas contra problemas de saúde; facilitar o acesso à educação e à cobertura vacinal. “É uma série de políticas integradas para reduzir a pobreza infantil multidimensional.”
Liliana destacou ainda a questão do orçamento, que está a ser analisada no âmbito da Task Force para a Aliança Global, e a parte financeira, ou seja, como funcionam os espaços fiscais estabelecidos dentro dos países para que haja recursos suficientes para implementar políticas.
Ela destacou a apresentação oficial da proposta do Brasil de criação da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza durante os debates, que já recebe apoio de outros países fora do G20. O convite foi feito hoje, e o lançamento oficial da aliança será em novembro, durante a Cimeira dos Líderes do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia.
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