A entidade que reúne as principais ligas europeias de futebol juntou-se à Fifpro, o sindicato dos jogadores, numa ação contra a FIFA na Comissão Europeia. A organização dos campeonatos fez denúncia formal nesta terça-feira (23) contra o calendário congestionado e atribuiu a responsabilidade à FIFA.
A medida legal reforça os alertas feitos à entidade que rege o futebol mundial, ainda em maio, pelas ligas europeias e pela Fifpro Europa, pedindo à FIFA que reavaliasse o processo de tomada de decisão, que consideram “inerentemente abusivo”, relativamente ao calendário, inchado com a expansão que a FIFA tanto promoveu em Copa do Mundo como em Mundial de Clubes.
A reclamação formal é também mais um passo dos campeonatos europeus e do sindicato na sequência de uma decisão do Tribunal de Justiça Europeu.
Em dezembro, o órgão concluiu que a FIFA e a UEFA abusaram da sua posição dominante como reguladores e organizadores de competições num caso movido por clubes famosos que tentaram lançar uma Superliga independente em 2021.
“Lamentavelmente, a FIFA tem-se recusado consistentemente a incluir ligas nacionais e sindicatos de jogadores no seu processo de tomada de decisão”, afirmaram as ligas europeias e a Fifpro Europa num comunicado.
A Comissão Europeia, com sede em Bruxelas, na Bélgica, é o braço executivo dos 27 países que compõem a União Europeia e pode intervir em alegadas violações do direito da concorrência.
“As decisões da FIFA nos últimos anos favoreceram repetidamente as suas próprias competições e interesses comerciais, negligenciaram as suas responsabilidades como órgão dirigente e prejudicaram os interesses económicos das ligas nacionais e o bem-estar dos jogadores”, afirmaram as ligas e a Fifpro.
“O calendário internacional já ultrapassou a saturação e tornou-se insustentável para as ligas nacionais e um risco para a saúde dos jogadores.”
A FIFA administra o calendário de jogos e torneios internacionais, que determina quando os clubes devem liberar seus jogadores convocados para seleções nacionais.
As principais ligas, como os Campeonatos Inglês, Espanhol e Italiano, que costumam vetar jogos nas Datas Fifa, há muito afirmam que não foram consultadas na íntegra sobre a versão mais recente do calendário, que vai até 2030.
A denúncia formal das ligas e do sindicato baseia-se na ampliação da Copa do Mundo masculina e do Mundial de Clubes, ambas organizadas pela Fifa.
A Copa do Mundo de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, Canadá e México, terá 48 seleções em vez de 32, com um total de 104 partidas, em vez das 64 anteriores. partidas em um torneio que durará quase seis semanas.
Os EUA também sediarão o Mundial de Clubes em 2025, entre junho e julho, com 32 seleções – 12 da Europa, incluindo Real Madrid, Manchester City e Bayern de Munique – disputando no máximo sete partidas.
A FIFA respondeu em outro comunicado, com tom mais forte. “Algumas ligas na Europa – elas próprias organizadoras e reguladoras de competições – agem com interesse comercial, hipocrisia e sem consideração por todas as outras partes envolvidas. Estas ligas aparentemente preferem um calendário repleto de amigáveis e torneios de verão, muitas vezes envolvendo extensas viagens ao redor do mundo”, ele respondeu.
A entidade defendeu o calendário e lembrou que o instrumento foi aprovado pelo seu Conselho, que conta com representantes de todos os continentes.
“O calendário da FIFA é o único instrumento que garante que o futebol internacional possa continuar a sobreviver, coexistir e prosperar ao lado do futebol de clubes nacionais e continentais.”
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