O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta segunda-feira (22), na capital paulista, que a decisão do governo brasileiro de adotar o autoembargo após a confirmação de um caso de doença de Newcastle no Rio Grande do Sul foi importante para garantir segurança ao mercado externo e evitar riscos maiores.
Após identificar um caso de doença de Newcastle em uma fazenda em Anta Gorda (RS), o Ministério da Agricultura suspendeu preventivamente a exportação de produtos avícolas para 44 países, definindo diversas restrições. Esses raios variam de dez quilômetros da área remota até todo o território brasileiro, dependendo do mercado.
Segundo o ministro, essa estratégia era melhor do que apenas restringir pequenas áreas e depois ampliá-las, o que poderia dar a impressão ao mercado externo de que os casos identificados da doença poderiam estar crescendo. “Então, o que fizemos foi fechar o estado e mostrar que não há outros casos, que esse foi um caso isolado. Nesta fazenda que teve o caso, Newcastle só foi encontrado um animal. O protocolo foi cumprido, exterminar os animais, enterrar, isolar, tudo isso foi cumprido com transparência, o que nos permitirá abrir rapidamente os mercados”, disse Fávaro aos jornalistas, após participar numa reunião do Conselho Superior do Agronegócio do Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre o Plano Safra 2024/2025.
O ministro não deu prazos, mas informou que o governo tem se reunido diariamente com os mercados que compram carne de frango para reduzir as áreas de restrição deste auto-embargo.
“É uma negociação país por país, bloco por bloco, mas entendemos que, chegando as evidências de que o restante do elenco não está contaminado, isso será liberado rapidamente”, acrescentou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais no ministério.
Anistia
Durante evento realizado esta tarde, na Fiesp, o ministro também confirmou a possibilidade de anistia de dívidas de produtores gaúchos prejudicados pelas chuvas e enchentes. Segundo ele, a medida provisória deste ano está em fase de criação e poderá ser publicada até 30 de julho. “Estamos em processo de construção [da MP]. Mas até dia 30 queremos publicar essa medida provisória”, disse o ministro.
“Não vou dizer que vamos anistiar todos os produtores. Mas aquele produtor que passou por enchentes na sua propriedade, na sua própria casa, como vai honrar o compromisso de financiamento dos seus custos, que é devido? Então, com critérios técnicos, é possível que haja até uma anistia para essas dívidas de financiamento e investimento dos anos de 2024 e 2025, o que está dentro da nossa proposta de também serem anistiadas. Paralelamente a isso, existem linhas de crédito para reconstrução”, explicou o ministro.
Plano de colheita
Durante o evento, o ministro se dirigiu ao setor agro e pediu paciência, reclamando que houve uma reação exagerada dos produtores quando houve atraso no lançamento do Programa Safra. Segundo o ministro, o programa terminou de ser estruturado no dia 26 de junho, mas o anúncio foi adiado por problemas na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Tínhamos agendado o anúncio do Plano Safra para o dia 27 de junho. Mas nos dias 28, 29 e 30 de junho o presidente Lula tinha agenda fora de Brasília. Nos dias 1º e 2 de julho também teve agendas fora de Brasília. Por isso decidimos lançar o Plano Safra no dia 3 de julho. Dois dias após o término do Plano de Safra anterior. E isso já tinha acontecido antes”, explicou Fávaro.
“Ninguém precisa gostar do governo, nem do presidente Lula nem de mim. Não estamos participando de um concurso de simpatia. O setor é muito importante para o Brasil e todas as nossas manifestações são sobre abertura de mercados e promoção de crescimento [do setor]. Mas a intolerância está se tornando algo enfadonho, está perdendo o apelo”, disse ela. “A oposição é legítima e significa que vivemos numa democracia. Mas a intolerância está ficando chata”, destacou.
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