Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A bolsa quebrou uma sequência de três sessões consecutivas de alta e fechou a segunda-feira em queda, novamente abaixo de 5,60 reais, com os preços reagindo ao ambiente externo mais favorável para moedas emergentes e à confirmação do governo de congelamento de 15 bilhões de reais em despesas do Orçamento de 2024.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5687 reais na venda, queda de 0,64%. Em julho, a moeda norte-americana acumulou queda de 0,39%.
Às 17h26, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento caía 0,74%, a 5,5770 reais na venda.
Na semana passada, o aumento da percepção de risco fiscal fez com que o dólar avançasse 3,20% frente ao real, ainda que na quinta o governo tenha antecipado o anúncio do congelamento de 15 bilhões de reais em despesas no Orçamento de 2024. O avanço do iene frente ao dólar também sustentou a valorização da moeda norte-americana frente ao real em algumas sessões da semana passada, com agentes de mercado citando o desmantelamento de posições de carry trade no dólar.
No carry trade, os investidores tomam empréstimos no exterior, a taxas de juros baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde as taxas de juros são mais altas.
Nesta segunda-feira o cenário foi mais favorável ao real, na visão de alguns profissionais.
“O dia 17 (última quarta-feira) foi fundamental para as moedas. O iene disparou e isso repercutiu nos mercados. Parece que isso já passou”, disse o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “A semana começou com alguma trégua para o real”, acrescentou.
O dólar caiu frente ao real e em relação a outras moedas semelhantes à moeda brasileira, como , o e o.
Internamente houve também uma percepção mais favorável – embora tardia – em relação ao congelamento de 15 mil milhões anunciado pelo governo na quinta-feira passada.
Durante a tarde, os Ministérios do Planejamento e da Fazenda confirmaram, por meio do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, a necessidade de conter 15 bilhões de reais em recursos dos ministérios para levar a projeção do déficit primário do governo central em 2024 para 28,8 bilhões de reais, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de défice zero.
Pouco depois do meio-dia, antes mesmo do relatório, Lula reforçou o discurso do governo em defesa do equilíbrio fiscal. Em entrevista a jornalistas de agências internacionais, afirmou que o governo irá congelar as despesas orçamentais sempre que necessário e disse que traz para as “entranhas” a questão da responsabilidade fiscal. “Sempre que precisarmos bloquear, bloquearemos”, disse ele.
Nesse cenário, após atingir cotação máxima de 5,6106 reais (+0,11%) às 9h10, o dólar à vista atingiu mínima de 5,5357 reais (-1,23%) às 13h22.
Também no radar dos investidores, com efeitos menores na taxa de câmbio e na curva de juros no Brasil, estava a retirada do presidente Joe Biden da corrida eleitoral nos EUA.
Às 17h25, o dólar ainda permanecia baixo frente às moedas emergentes, mas avançava frente às moedas fortes: o – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,10%, a 104.320.
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