Recursos enviados pelo governo federal na semana passada vão garantir atuação de agentes em investigações em MS e MT
Desde o mês passado, a Polícia Federal criou um escritório de crise para ajudar nas investigações sobre o início do incêndio no Pantanal de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Esse trabalho, segundo o superintendente da PF Estadual, delegado Carlos Henrique Cotta D’Angelo, deve continuar até o final deste ano.
Segundo o superintendente, em entrevista ao Correio Estadualo recurso destinado pelo governo federal na semana passada ajudou a garantir a continuidade das investigações até que todos os casos sejam resolvidos.
Conforme anunciado na semana passada, pelas ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, a União destinou R$ 5,7 milhões ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para cobrir despesas da Polícia Federal e utilização no Fundo Nacional de Segurança Pública.
Esse recurso pode ser utilizado para manutenção e abastecimento de veículos, helicópteros, aviões e movimentação de pessoal, entre outras áreas.
“Esse dinheiro chega em boa hora para dar condições para esse desenvolvimento. São R$ 3 milhões para atender Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas é suficiente neste primeiro momento para corrermos até o final do ano com o custo dessa operação”, afirmou Cotta, que enfatizou que a corporação não esperou para que a ajuda financeira comece a trabalhar.
A operação foi possível, segundo o superintendente, porque a Superintendência da PF do MS utilizou recursos próprios, que estavam previstos para durar o ano inteiro, na ação no Pantanal.
“Mal podíamos esperar pela liberação desse recurso. E no início do ano recebemos um recurso que deveríamos gastar ao longo do ano. Temos que planejar para que aquele pouquinho seja gasto para não ficar sem nada no final. E mal podíamos esperar para ver se isso aconteceria ou não. Usamos nossos próprios recursos aqui para isso. O grande custo pesado são os custos diários dos servidores e principalmente combustível, combustível para aeronaves e barcos, isso é muito caro”, explicou Carlos Henrique Cotta.
No escritório de crise, instalado no Ladário, na Base Naval da Marinha do Brasil, trabalham delegados, agentes e especialistas, além de todo o aparato tecnológico utilizado.
“Estamos lá com um delegado só para cuidar disso, três especialistas, três agentes, além dos especialistas que estão em Brasília olhando imagens de satélite, dos especialistas que estão lá no local e de mais um funcionário de Corumbá que está disponível. Mais ou menos a mesma condição se repete no Mato Grosso, onde estão em Poconé”, disse Cotta.
“Já dispensamos nossa aeronave, porque hoje ela ficaria parada, não tem mais ponto de visita. Nossa aeronave não é adequada para apagar incêndios, não é adequada para isso. Então não há necessidade dela ficar lá, mas ela já tem condições de retornar, porque a maioria desses locais de início de incêndio são de difícil acesso, então só com helicóptero”, completou o superintendente.
As investigações ainda não identificaram os autores dos incêndios agora cessados, mas a estrutura permanece funcionando caso ocorram novos grandes incêndios no bioma nos próximos meses, já que a temporada de incêndios na região costuma durar até setembro.
“Usamos a seguinte expressão, o incêndio vai acabar e nosso trabalho vai continuar. Como não somos bombeiros, nosso trabalho depende do controle do fogo para podermos agir. Então, em algum momento, por bem ou por mal, o fogo cessará. Ou porque choveu, ou porque não há mais nada para queimar, mas mesmo que isso aconteça, teremos que ficar lá, na nossa operação, até ao final do ano. Destaque esse da nossa gente até o final do ano ou até durar a obra. Se a perícia emperrar, se as investigações emperrarem, o povo vai ficar lá”, declarou Cotta.
“Temos que dar uma resposta e, mesmo que a resposta esteja aí, não há como descobrir nada, não sei quem é, mas o trabalho foi feito. Essa é a preocupação”. disse o superintendente.
Ainda segundo o superintendente, todo esse trabalho da Polícia Federal tem sido feito em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“O ideal é que a gente faça o trabalho na área criminal, eles fazem o trabalho na área administrativa, as provas que instruem o processo criminal são as mesmas que instruem o administrativo, e se tiver um responsável ele vai responder criminalmente, civilmente e administrativamente. Estas pessoas entendem uma língua, que é a carteira, já não têm coração”, explicou Cotta D’Ângelo.
INCÊNDIOS
As queimadas no Pantanal começaram no início deste ano, de janeiro a julho deste ano mais de 770 mil hectares do bioma foram consumidos pelo fogo, a maior parte no Mato Grosso do Sul, segundo dados do Laboratório de Aplicações Ambientais por Satélites (Lasa) do Pantanal. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recorde para o período.
Devido a essa situação e à previsão de que este ano poderá superar o recorde de incêndios de 2020, quando mais de 3 milhões de hectares do bioma foram devastados, a União já investiu mais de R$ 130 milhões em ações de combate.
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