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Até a década de 1980, o cultivo do algodão era promissor em Pernambucomas praga do bicudo-do-algodoeiro e a falta de alta tecnologia pelos produtores, aos poucos, estava dizimando o cultivo. A cultura poderá ser retomada no Estado, a partir do próximo ano, graças aos esforços do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em cooperação técnica com a Embrapa Algodão, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Campina Grande (PB). .
A ideia é reintroduzir primeiro duas variedades: algodão branco e algodão colorido. Numa fase posterior será a vez do algodão agroecológico. Os estudos, em estágio avançado, estão concentrados em três estações experimentais do IPA: Caruaru, no Agreste; Araripina e Serra Talhada, no Sertão.
Segundo o pesquisador do IPA e coordenador do Programa Algodão no Estado, Antônio Félix, já estão sendo realizadas iniciativas para formar a cadeia produtiva do algodão.
Fluxo
Como resultado, os potenciais produtores interessados em retomar a plantação com o apoio do IPA não darão um salto no escuro. Terão até empresas pré-definidas para garantir a aquisição do produto, como o polo têxtil de Pernambuco, por exemplo. A região que sempre produziu muito algodão em Pernambuco, o Agreste Norte, deve ser a porta de entrada para a reintrodução do algodão branco.
Segundo Félix, atualmente o cultivo é inteiramente de algodão herbáceo (variedade caracterizada pela fibra macia e curta, muito utilizada na indústria têxtil para produção de tecidos, roupas e outros produtos).
O investigador reforçou que a IPA já tem um nível de cultivo bom e comprovado. As estações experimentais Serra Talhada e Araripina já estão em nível de colheita. O programa tem despertado o interesse dos produtores que conhecem a iniciativa. O objetivo do IPA é estruturar toda a cadeia para que o processo funcione corretamente.
“É um trabalho que envolve não só os produtores, mas a extensão rural, a pesquisa, a prefeitura, a Secretaria de Agricultura. Todas estas entidades precisam de estar unidas, trabalhando em conjunto”, disse Félix, acrescentando que não adianta incentivar o cultivo e depois não conseguir vender.
“Precisamos de uma garantia para que o produtor se convença de que o negócio é bom, está organizado, que vai obter o retorno esperado. Tudo isto bem planeado, não vejo dificuldades em reintroduzi-lo”, enfatizou.
O coordenador destacou a importância da parceria com o pesquisador da Embrapa Algodão José Jaime Cavalcanti para os resultados do programa.
Quanto ao cultivo do algodão agroecológico, que consiste na utilização de sementes agroecológicas, não geneticamente modificadas, dispostas a um metro de distância, plantadas no último mês de chuva e adubadas com compostos orgânicos, o IPA já trabalha para que seja implementado em outros municípios.
Agroecológico
Neste tipo de cultivo a colheita deve ser manual e não é necessário usar agrotóxicos ou irrigar, bastando a chuva do último mês para que ela brote. Foi pensado para ser desenhado trabalhando com vários produtores ao mesmo tempo. Esse tipo de cultivo surgiu na Paraíba, por iniciativa de produtores que iniciaram o plantio do algodão no período chuvoso e com maior espaçamento entre plantas, o que contribuiu para evitar que a cultura fosse atacada pelo bicudo.
Cooperação
É uma prática que inclui geração de renda, melhoria da qualidade do solo, diversificação da oferta de produtos e desenvolvimento da consciência ecológica nas famílias que dela participam. “Pode ser instalado em vários municípios ao mesmo tempo, mas sempre dentro de uma comunidade com elevado número de produtores. Você não pode ser um único produtor. Eles precisam trabalhar juntos, monitorando-se e ter certificação que garanta qualidade”, alertou.
Neste caso, todo o sistema de cultivo deve ser monitorado, ter empresa que certifique o algodão como agroecológico e também compradores. “É essa espécie que estamos planejando cultivar no Estado, a partir do próximo ano. Não pode ser controlado quimicamente, por isso não devem ser usados inseticidas ou outros ingredientes que tirem o aspecto agroecológico”, explicou.
Neste caso, todos os produtores envolvidos precisam dar à cultura o mesmo tratamento. Um não pode funcionar corretamente e o outro não. “Se a peste afecta um, afectará os outros”, concluiu o investigador.
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