O BNDES poderá exigir que as companhias aéreas passem a utilizar aviões da Embraer, como condição para a captação de recursos da nova linha de crédito para o setor, dentro do pacote de apoio em discussão desde o início pelo governo federal.
A possível contrapartida foi citada nesta sexta-feira pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante, em agenda ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que incluiu visita à fabricante de aeronaves.
Atualmente, apenas a Azul, entre as três maiores empresas que operam no país, utiliza aviões da Embraer.
Uma das três maiores fabricantes de aeronaves do mundo, a empresa brasileira é especializada em jatos menores, como jatos particulares e aviões para aviação regional.
O maior mercado da Embraer são os EUA, onde a aviação regional é forte, mas a Latam e a Gol começam a rever essa estratégia.
Ao comentar o pacote de apoio, em entrevista a jornalistas após o evento com Lula, Mercadante voltou a dizer que as receitas das companhias aéreas estão subindo, diante da retomada da demanda, mas têm um “responsabilidade pandêmica”.
Daí a importância de “montar uma equação” para conceder crédito às empresas do setor, disse o presidente do BNDES:
– Agora, tem que haver uma contrapartida. Qual é a contrapartida? Compre aviões brasileiros da Embraer. Apenas cerca de 12% da frota de aeronaves dessas empresas é da Embraer. Ao comprar da Embraer, estão arrecadando impostos, reabastecendo o sistema econômico do Brasil, não transferindo moeda para o exterior, mantendo investimentos, criando empregos e gerando renda.
O pacote foi atrasado
O governo federal vem adiando o anúncio do pacote de apoio às empresas.
O lançamento já estava prometido para abril, mas ajustes no modelo operacional justificaram os atrasos.
No desenho mais recente, o Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), que já existe e é composto por contribuições provenientes de taxas pagas pelas empresas do setor, teve suas regras alteradas.
Com isso, o BNDES utilizará esses recursos para fazer empréstimos diretamente às companhias aéreas. Projeto de lei com as mudanças foi aprovado no Senado em junho.
Será possível financiar a compra de aeronaves e outros investimentos.
O governo pretende ajudar empresas com cerca de R$ 4 bilhões este ano.
A contrapartida sugerida por Mercadante seria exigida na contratação de empréstimos com recursos da Fnac. Segundo o presidente do BNDES, as três principais empresas do país já negociam encomendas de aeronaves com a Embraer:
— As três empresas mais importantes, Latam, Azul e Gol, já estão bastante avançadas nessa perspectiva de voar na Embraer.
BNDES já financiou mais de 1.300 aviões
O financiamento às exportações da Embraer responde pela maior parte das operações do BNDES no comércio exterior, tornando a fabricante de aeronaves o maior cliente do banco de desenvolvimento, ao lado da Petrobras.
Segundo o banco, as vendas de mais de 1.300 aeronaves da empresa já foram financiadas.
Nessas operações, assim como outras agências de financiamento à exportação, o banco empresta recursos ao comprador da aeronave – companhias aéreas ou arrendadoras, empresas especializadas em comprar aviões e alugá-los para empresas –, mas faz os desembolsos diretamente ao fornecedor, neste caso, Embraer.
Tradicionalmente, o BNDES sempre financiou a compra de bens de capital no Brasil de forma semelhante, por meio do Finame. Porém, desde que o banco de desenvolvimento alterou a taxa de juros, no governo Michel Temer, e deixou de oferecer condições melhores que o mercado privado, essas operações diminuíram.
Uma marca registrada do Finame é exigir que os bens de capital adquiridos sejam fabricados no país.
Os jatos regionais da Embraer nunca tiveram destaque no Finame justamente porque as empresas brasileiras do setor utilizam aeronaves maiores, da Boeing e da Airbus.
As empresas estrangeiras que tradicionalmente utilizam jatos da Embraer são clientes regulares do BNDES.
No mesmo evento realizado nesta sexta-feira na sede da fabricante brasileira, o BNDES informou a aprovação de um empréstimo de R$ 4,5 bilhões para financiar um pedido de 32 jatos E175 feito pela American Airlines.
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