Vadim Krasikov: quem é o possível alvo russo em troca de prisioneiros envolvendo jornalista

As autoridades russas admitiram ao longo da semana que Moscou e Washington mantinham conversações de alto nível sobre uma possível troca envolvendo o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, condenado nesta sexta-feira (19) a 16 anos de prisão por supostamente espionar para a CIA —acusação que ele e seus empregador negá-lo.

Embora detalhes sobre as conversas não tenham sido revelados, o nome de um possível alvo do interesse russo tem sido especulado pelo próprio presidente Vladimir Putin nos últimos meses: Vadim Krasikov.

Krasikov, 58 anos, é nomeado pelas agências ocidentais como coronel da agência nacional de espionagem russa (FSB) – algo que as autoridades do país não confirmaram. Ele cumpre pena de prisão perpétua na Alemanha pelo assassinato de um dissidente checheno em 2019.

Segundo relatos da época, o comandante separatista Zelimkhan Khangoshvili, requerente de asilo na Alemanha, foi morto a tiro em plena luz do dia no Parque Tiergarten, no centro de Berlim. Quem efetuou os disparos, descobriu-se, foi Krasikov, que utilizou documentos falsos para entrar no país e, no momento do ataque, andava de bicicleta quando sacou uma pistola Glock 26 e efetuou os disparos.

Não é a primeira vez que o nome do assassino russo surge nas negociações sobre uma possível troca envolvendo prisioneiros americanos.

Krasikov foi citado em reportagens da imprensa internacional como objeto de desejo de Moscou em trocas envolvendo a atleta de basquete Brittney Griner — trocada em 2022 pelo traficante de armas Viktor Bout —, o ex-marinheiro Paul Whelan, acusado de espionagem por Moscou que segue preso na Rússia, e em uma negociação envolvendo o opositor Alexei Navalny, falecido numa prisão russa em fevereiro.

Ao mesmo tempo em que foi confirmada a troca de Griner por Bout, a Casa Branca foi questionada por que a libertação de Whelan não foi negociada em paralelo.

O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à ABC na época que “houve uma alegação de que [os russos] Eles queriam um Sr. Krasikov, que os alemães mantinham sob custódia.”

“Simplesmente não foi considerada uma oferta séria”, disse Kirby, que descreveu Krasikov como “um assassino”.

Em entrevista ao apresentador norte-americano Tucker Carlson, no início do ano, Putin afirmou que seria possível um acordo para libertar o jornalista e referiu-se a uma pessoa “cumprindo pena” num país aliado dos EUA.

— Há uma pessoa cumprindo pena em um aliado dos EUA. Essa pessoa, por sentimentos patrióticos, eliminou um criminoso numa capital europeia — disse Putin, sem mencionar Krasikov. —Se ele fez isso de boa vontade ou não, é uma questão diferente.

Pouco depois da entrevista de Putin, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a comentar a ligação de Krasikov com o serviço secreto russo.

— Vou deixar essa pergunta sem resposta — disse ele em entrevista coletiva.