Na convenção partidária que oficializará sua candidatura, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deverá pregar a continuidade da gestão iniciada ao lado do tucano Bruno Covas, de quem foi vice, e destacar o amplo partido apoio à sua reeleição.
O evento está marcado para o dia 3, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e a expectativa é reunir cerca de 10 mil pessoas. O local foi uma escolha pessoal do prefeito e carrega um simbolismo: foi lá que Mário Covas, avô de Bruno Covas, lançou sua candidatura vitoriosa ao governo de São Paulo.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será convidado, mas sua presença ainda é incerta. Os estrategistas de Nunes ainda discutem como se dará a participação de Bolsonaro na campanha. Até o momento, o ex-presidente fez aparições oficiais ao lado do prefeito.
O apoio de Bolsonaro representa um desafio complexo para a campanha de Nunes: o prefeito não pode esconder o ex-presidente, pois isso colocaria em risco a aliança, mas precisa evitar que a rejeição de Bolsonaro contamine sua própria candidatura.
Segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, 65% dos paulistanos afirmam que não votariam de forma alguma em um candidato apoiado por Bolsonaro. A pesquisa, realizada presencialmente, entrevistou 1.092 pessoas com 16 anos ou mais em São Paulo de 2 a 4 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Para contrabalançar o apoio de Bolsonaro, Nunes recorreu ao apoio de vários partidos para a sua reeleição.
Enrico Misasi, presidente municipal do MDB em São Paulo, diz que a frente ampla em torno da reeleição de Nunes deveria ser um dos temas da convenção do partido. Representantes importantes de todos os partidos da futura coligação serão convidados para o evento. Além do PL, outras dez siglas devem fazer parte da coligação do prefeito: PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante.
“A convenção do MDB será o momento de mostrar a amplitude da coalizão política em torno da reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a força popular que o apoia”, afirma Misasi.
O União Brasil é o único partido que ameaça desembarcar. Numa declaração a Coluna do EstadãoO presidente municipal do partido, vereador Milton Leite, criticou a falta de diálogo com Nunes e disse que busca mais espaço na gestão.
A presença do PSDB no palanque do prefeito permanece incerta. Embora conte com o apoio de grande parte da militância tucana, incluindo Tomás Covas, filho de Bruno Covas, Nunes viu o partido abandonar sua base após recusar a indicação para vice-presidente, que acabou com o PL. Diante desse cenário, o PSDB decidiu lançar o apresentador José Luiz Datena como pré-candidato a prefeito de São Paulo.
Conhecido por seu histórico de indecisões, Datena não confirmou candidatura em audiência realizada pelo jornal Jornal e no portal UOL nesta terça. Ele disse que poderia desistir da disputa se eles o “irritassem” e o “ferrassem”. Num cenário sem Datena, o PSDB tem dois caminhos a escolher: apoiar Nunes ou indicar o vice na chapa da deputada federal Tabata Amaral (PSB). O segundo cenário é considerado mais provável.
A proposta do MDB é organizar uma convenção com o mesmo tom da cerimônia de posse do secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, Aldo Rebelo, que contou com a presença de autoridades e caciques de diversas esferas políticas, incluindo o ex-presidente Michel Temer (MDB ), o secretário de Governo de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e os governadores emedebistas Helder Barbalho (Pará) e Paulo Dantas (Alagoas).
Os detalhes do discurso de Nunes na convenção ainda serão definidos, mas a expectativa é que o prefeito destaque sua trajetória de militância no MDB, único partido ao qual foi filiado, e defenda a continuidade da gestão que iniciou ao lado de Bruno Covas, falecido em 2021 em decorrência de câncer. A estratégia da campanha é dissipar a narrativa de que um possível novo governo representará uma guinada à direita e estará alinhado ao bolsonarismo, como afirmou a campanha contrária do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
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