Por Fabrício de Castro
(Reuters) – O preço à vista subiu mais de 1% em relação ao real nesta quarta-feira, caminhando novamente para 5,50 reais, com os preços sendo impulsionados pelo salto do mercado internacional e pelos temores em torno da política fiscal do governo Lula.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4850 reais na venda, alta de 1,03%. Em julho, a moeda acumulou queda de 1,89%.
Às 17h02, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 1,05%, a 5,491 reais na venda.
No mercado cambial global, o destaque foi a alta do iene, em meio a rumores de que o Banco Central do Japão pode ter agido novamente para fortalecer sua moeda.
O avanço do iene afetou as operações de carry trade em todo o mundo, inclusive as realizadas com o real. No carry trade, os investidores tomam empréstimos no exterior, a taxas de juros baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde as taxas de juros são mais altas.
À medida que o preço do iene subia, os investidores tendiam a desmantelar estas posições de carregamento, o que acabou por pressionar os preços reais. Um dos efeitos é a alta do câmbio – algo que já havia ocorrido na última quinta-feira, quando o iene também subiu.
“O real é bastante líquido, então é fácil de transportar. Quando o iene sobe, há uma reprecificação do carry trade no mundo, o que afeta também o real”, pontuou Lais Costa, analista da Empiricus Research.
No exterior, moedas como , o e o também tiveram perdas firmes frente ao dólar.
Além do fator externo, profissionais citaram a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à TV Record, transmitida na noite de terça-feira, como motivo para o avanço do dólar frente ao real, em meio a temores em torno do equilíbrio fiscal do governo. .
Na entrevista, Lula disse que o governo não é obrigado a cumprir a meta fiscal “se tiver coisas mais importantes para fazer” e reforçou que precisa estar convencido de que será necessário cortar despesas para cumprir o marco.
O presidente considerou, no entanto, que fará o que for necessário para respeitar o enquadramento. “Não aprendi responsabilidade fiscal na faculdade, trouxe isso desde que nasci”, disse ele.
Um operador ouvido pela Reuters afirmou que os comentários de Lula, apesar de não serem novos, deram força aos preços. Nesse cenário, após atingir a cotação mínima de 5,4339 reais (+0,08%) às 9h07, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,4888 reais (+1,10%) às 13h48.
Durante a tarde desta quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lula tem um compromisso fiscal inegociável, lembrando que o presidente já instruiu a Diretoria de Execução Orçamentária a fazer o que for necessário para cumprir o marco fiscal.
“O pedido era explícito: faça o que for necessário para garantir o cumprimento do marco fiscal. É um compromisso inegociável do presidente Lula”, disse Padilha em entrevista à CNN Brasil.
No exterior, o dólar continuou em alta constante frente aos pares de moedas reais no final da tarde, mas caiu frente a uma cesta de moedas fortes, bastante afetado pelo avanço firme do iene. Às 17h10, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta ponderada de seis moedas – caía 0,43%, para 103,760.
Ao mesmo tempo, o dólar caiu 1,34% em relação ao iene, a 156,22.
Pela manhã, o Banco Central vendeu em leilão todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento em 2 de setembro de 2024.
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