Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam em alta nesta quarta-feira, impulsionadas pelas preocupações em torno do equilíbrio fiscal do Brasil, após uma entrevista com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia anterior, e pelo avanço constante do real em relação ao real.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,605%, ante 10,587% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,18%, ante 11,176% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,44%, ante 11,432%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,9%, ante 11,872%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,92%, ante 11,877%.
Pela manhã, a alta dos rendimentos do Tesouro no exterior, após declarações das autoridades do Federal Reserve, suportou o aumento das taxas DI no Brasil.
O avanço firme do dólar frente ao real, que no início da tarde ultrapassou 1%, foi outro fator que justificou a alta da curva a termo, em um dia marcado por pressões sobre a moeda brasileira e outras moedas próximas ao real .
No campo econômico, o impulso nas taxas futuras também foi atribuído às declarações de Lula em entrevista transmitida pela TV Record na noite de terça-feira. Nele, Lula disse que o governo não é obrigado a cumprir a meta fiscal “se tiver coisas mais importantes para fazer” e reforçou que precisa estar convencido de que será necessário cortar despesas para cumprir o marco.
“Embora algumas manchetes tenham sido divulgadas antecipadamente, a entrevista como um todo à noite trouxe preocupação ao mercado, pois Lula mais uma vez aparece relutante em cortar despesas”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
“Essas preocupações com a política fiscal estão afetando os preços de ativos como o real, que perde mais do que outros pares emergentes, e isso também atinge a curva”, acrescentou.
No mercado, as expectativas estão focadas no dia 22 de julho, próxima segunda-feira, quando o governo apresentará o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas com a definição de quanto será necessário contingenciar no Orçamento para cumprir a meta de resultado primário zerado deste ano. ano.
“Há uma expectativa entre bancos e corretoras de contingenciamento de cerca de 10 bilhões de reais na próxima semana, passando de 8 a 10 bilhões de reais”, disse Lais Costa, analista da Empiricus Research. “Com o discurso do Lula ontem, se não vier nada vai ser muito ruim”, acrescentou, ao avaliar a abertura da curva de juros brasileira nesta quarta.
Durante a tarde, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lula tem um compromisso fiscal inegociável, lembrando que o presidente já instruiu a Diretoria de Execução Orçamentária a fazer o que for necessário para cumprir o marco fiscal.
“O pedido era explícito: faça o que for necessário para garantir o cumprimento do marco fiscal. É um compromisso inegociável do presidente Lula”, disse Padilha em entrevista à CNN Brasil.
Perto do fechamento, a curva a termo precificou 88% de chance de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano ao final deste mês e 12% de chance de alta de 25 pontos-base. Na terça-feira os percentuais eram de 85% e 15%, respectivamente.
No exterior, os rendimentos migraram para território negativo, em meio a apostas de que o Fed está próximo de iniciar o ciclo de cortes de juros.
Às 16h35, – referência mundial para decisões de investimento – caía 2 pontos-base, para 4,15%.
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