O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso preventivamente sob a acusação de ter planejado o assassinato da ex-vereadora carioca Marielle Franco, reafirmou sua inocência no caso e voltou a dizer que tinha um bom relacionamento com Marielle na Câmara Municipal do Rio.
“Eu, como parlamentar, sou inocente e obviamente sei que o processo existe, é normal, mas continuo a afirmar que sou inocente”, afirmou. “A relação com Marielle, por incrível que pareça, é maravilhosa.”
Chiquinho afirmou ainda que Ronnie Lessa, que confessou ser o autor dos tiros que mataram o então vereador, queria “obter benefícios” com a acusação feita. “Acreditamos que ele está protegendo alguém”, disse ele.
Chiquinho prestou depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 16. O colegiado julga a cassação do seu mandato parlamentar.
Domingo Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, também prestou depoimento nesta terça-feira, 16. Ele negou conhecer Marielle e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, suspeito de ter ajudado a traçar um plano para matar Marielle e usar seu cargo para obstruir as investigações sobre a morte da vereadora.
“O que aconteceu com o vereador é um absurdo. Infelizmente, no Rio de Janeiro já aconteceu com vários outros parlamentares. Eu pessoalmente não conhecia o vereador, mas claro que esse crime é um absurdo”, disse.
Domingos também falou em defesa de Chiquinho, seu irmão, e ainda chorou durante seu depoimento. “Meu irmão é pai e avô, nunca teve problemas com ninguém. É uma pena o que aconteceu, infelizmente”, disse. “Somos inocentes. Não temos nada a ver com isso, não participamos de forma alguma. Minha família está sofrendo.”
Os irmãos estão em duas prisões federais diferentes. Domingos em Campo Grande e Chiquinho em Porto Velho.
Essa foi a última parte do processo contra Chiquinho no Conselho de Ética antes da apresentação do relatório feito pelo deputado Jack Rocha (PT-ES).
O presidente do colegiado, Leur Lomanto Júnior (União-BA), prevê que o relatório deverá ser apreciado pelos deputados quando for retomado o recesso parlamentar, no início de agosto.
Caso o Conselho de Ética vote pela revogação, o deputado ainda poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deverá votar o recurso no prazo de cinco dias úteis.
A decisão final do colegiado está sujeita à votação final no plenário da Câmara. O impeachment exige um mínimo de 257 votos – ou seja, maioria absoluta – dos deputados.
Como mostrado por Coluna do Estadão, o caso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética só deverá ser encerrado em setembro. Isso significa que ele continuará como deputado federal até então, o que poderá somar mais de R$ 400 mil em salários para ele e os 25 servidores do gabinete no período.
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