Elena Ferrante é uma das três autoras que colocaram três obras na lista dos 100 melhores livros do século XXI publicada pelo The New York Times após votação de mais de 500 escritores, romancistas, críticos e outros amantes de livros. Ela fica em primeiro lugar com A Amiga Genial (Biblioteca Azul, 2015), romance que dá início à série que ficou conhecida como tetralogia napolitana.
A escritora também aparece na lista com História da Menina Perdida (Biblioteca Azul, 2017), último livro da série, na 80ª colocação, e com Dias de Abandono (Biblioteca Azul, 2016), obra sobre uma mulher que foi traída e abandonada pelo marido, em 92.
Outro livro da autora conhecido do grande público é A Filha Perdida (Intrínseca, 2016), que se tornou filme indicado ao Oscar em 2022.
A escritora é uma daquelas histórias de sucesso de público e crítica, mas, apesar do fenômeno, sua identidade permanece um mistério. Elena Ferrante é, na verdade, um pseudônimo que utiliza desde 1991. A autora dá poucas entrevistas, todas por e-mail e mediadas por sua editora, e se recusa a falar sobre seu nome verdadeiro.
No livro Frantumaglia: Os caminhos de uma escritora (Intrínseca, 2017), ela confirmou que nasceu em Nápoles, onde se passa a maior parte de suas histórias, e que é filha de uma costureira, mas voltou a afirmar que não. acreditam que os livros precisam ser associados aos seus escritores depois de publicados.
O mistério que envolve Ferrante faz alguns acreditarem que a série napolitana poderia ser, pelo menos parcialmente, autobiográfica. A tetralogia acompanha duas amigas, Lenu e Lila, ao longo de quase toda a vida e discute temas como classe, filosofia, arte, política e, principalmente, gênero, explorando a complexidade e as mudanças e adversidades pelas quais as mulheres passaram na segunda metade do século. século 20.
O fato foi citado pelo próprio NYT na descrição da obra: “É impossível dizer até que ponto a série acompanha a vida do autor – escreve Ferrante sob pseudônimo – mas não importa: A Amiga Genial se consolida como um dos principais exemplos da chamada autoficção, categoria que dominou a literatura do século XXI.”
A principal suspeita quanto à identidade do autor surgiu em 2016, depois que o jornalista investigativo italiano Claudio Gatti afirmou ter descoberto que Ferrante era a tradutora Anita Raja, ligada à editora italiana que publica as obras do escritor. Ele afirma ter notado um aumento significativo nas transações bancárias entre o tradutor e o grupo editorial.
Raja é casado com um escritor, o italiano Domenico Starnone, o que fez alguns suspeitarem que Ferrante era, na verdade, o próprio Starnone. Ou o casal, escrevendo juntos. A teoria, porém, é refutada por grande parte dos leitores de Ferrante, que acreditam que sua obra está muito ligada à experiência feminina para ter sido escrita por um homem.
Raja, Sartore e Ferrante (por escrito) negaram a informação. Mesmo assim, a investigação do jornalista levantou debates sobre a privacidade dos escritores e a necessidade ou não de revelar a autoria de uma obra.
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