Jayme Matarazzo deixou passar o tédio de seu trabalho no programa “Família é Tudo”, da Globo. No papel do fotógrafo Luca, o ator enfrenta um personagem marcado por uma trama dramática e cheia de profundidade.
A criação do autor Daniel Ortiz aborda situações familiares e românticas que Jayme ainda não havia testado no vídeo. “Temos uma novela cômica, mas meu cerne carrega o dramatismo da produção. É um papel denso e difícil.
Não é fácil lidar com tantas reviravoltas. Ele duvida de tudo o que acontece o tempo todo. Então é bom para o público e para o ator porque temos emoção, curva dramática, comédia, choro”, explica.
Em “Família é Tudo”, Luca namorava Electra, interpretada por Juliana Paiva, e, apesar de não se lembrar da noite em que ela teria tentado esfaqueá-lo, acredita na culpa do amante. Ele, porém, nunca deixou de amar a mulher que acredita ter tentado matá-lo.
“Electra e Luca acabam sofrendo um trauma enorme. Ele, com uma tentativa de assassinato, e ela, passando por uma injustiça. Ele teria sido esfaqueado pela namorada e ela insiste que não foi ela. Um grande desafio, um elenco delicioso de trabalhar e me senti desafiada”, diz ela.
P – Desde 2017, você desacelerou sua presença nas novelas. O que te motivou a integrar o elenco de “Família é Tudo”?
R – O convite para esta novela surgiu num momento especial da minha vida. Estou vindo do nascimento da minha segunda filha. Então, entendi que só um convite que realmente afetasse meu ânimo me tiraria de casa naquele momento. Precisava embarcar em um projeto em que pudesse confiar para sair de casa tranquilo. Mesmo que meu coração esteja pesado de saudade dos estúdios. Mas também sou apaixonado por esse formato.
P – Como assim?
R – Gosto muito do que fazemos, gosto de fazer novela e me comprometer com esse longo projeto. Às vezes, quando chegamos ao final de uma novela, ficamos um pouco chocados com o tamanho e a dimensão de um projeto como este. Você experimenta um turbilhão de emoções. Mas é bom viver tantas vidas, como mocinho, vilão, médico, padre e, agora, fotógrafo. Sempre faço o meu melhor e me jogo nessa jornada impressionante.
P – Luca chega para adicionar à sua lista de mocinhos. Mas que tipo de diferença esse personagem tem em relação aos trabalhos anteriores?
R – Não acho que ele seja um personagem simples porque é uma montanha-russa de emoções. É uma história cheia de emoções e reviravoltas. Há um enorme trauma em seu passado que ele precisa resolver. Ele está constantemente questionando o que sente. Então, acho que, apesar de toda a gentileza do Luca, há muitos elementos novos para explorar. Experimentar uma gangorra de emoções toda semana não é fácil. Esse drama abalou meu ânimo.
P – De que forma?
R – A novela é basicamente comédia, mas nosso núcleo carrega drama e tensão. Isto é muito desafiador. Portanto, é uma responsabilidade mergulhar e manter essa profundidade dramática. Não é fácil enfrentar um personagem que, supostamente, sofreu uma tentativa de homicídio da própria namorada.
P – Em “Família é Tudo” você revive a parceria com o autor Daniel Ortiz e o diretor Fred Mayrink. Como foi trabalhar com a dupla novamente?
R – São profissionais que amo e admiro. Ficamos muito felizes em “Haja Coração”. Acho que, quando continuamos com uma equipe com a qual já trabalhamos, é como se fosse um selo de aprovação de que o trabalho anterior foi bom. Sinto-me muito acolhido por toda a equipe. Fred tem um tipo de direção que me atrai. Um diretor gosta de dirigir os atores, de estar próximo. Isto é importante para toda esta longa jornada.
P – E como você tem enfrentado esse período de paternidade?
R – É realmente uma experiência única. Tenho o Antônio, que tem três anos, e a Maria, que tem sete meses. Eles ainda não conseguem ver o pai em cena. Mas em breve espero realizar um grande sonho de vida que tenho.
P – O que seria?
R – Quero muito trazer o Antônio para o trabalho do papai. Eu me vejo pequeno nisso. Eu era um menino que nasceu dentro dos Estúdios Globo. Eu cresci correndo por esses estúdios. Fui criado aqui. Tem gente que passa por mim e diz que me conhece desde que eu estava no ventre da minha mãe (risos). Quero muito poder trazer meu filho aqui enquanto faço arte. As reviravoltas da vida são realmente loucas, certo? Depois de tanto tempo, trouxe meu filho para me ver gravar.
“Família é Tudo” – Globo – De segunda a sábado, às 19h30.
Em um time
Em “Família é Tudo”, Jayme Matarazzo enfrentou novos parceiros de palco. O ator, pela primeira vez, contracena ao lado de Juliana Paiva. “Há muito tempo que queria trabalhar com ela. Ela é uma das grandes atrizes da geração dela”, elogia.
Além de Juliana, ele também divide boa parte de suas cenas com a estreante Rafa Kalimann, que ganhou destaque nacional ao participar do “Big Brother Brasil 20”. “É lindo ver o brilho nos olhos dela quando ela chega no set. Acho que estou feliz com os parceiros neste projeto”, diz ele.
Obras importantes
Antes de “Família é Tudo”, Jayme esteve no elenco de “Beyond Illusion”, que foi ao ar em 2022. O projeto colocou um personagem completamente novo na frente do ator de 38 anos. Na história dos seis, Jayme interpretou um padre que deixa o sacerdócio ao se apaixonar. “Foi um trabalho muito bom. Adoro fazer novelas de época porque acho que deixamos um legado histórico e educacional para os jovens”, argumenta.
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