Por Luciana Magalhães
SÃO PAULO (Reuters) -O investidor e educador pernambucano Inácio de Barros Melo Neto, detentor de 12,5% das ações ordinárias da Americanas (BVMF:), pode aumentar ainda mais sua participação na empresa, embora não tenha intenção de se tornar seu controlador, disse ele esta segunda-feira, em entrevista à Reuters.
“Acredito que a empresa vai mudar de patamar. Se o preço das ações cair posso comprar ainda mais”, disse Melo Neto em entrevista por telefone.
O nome do investidor tornou-se público após a Americanas anunciar, na noite desta sexta-feira, que passou a deter 113 milhões de ações da varejista, conforme comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Morador do Recife, o graduado em Direito, de 44 anos, é empresário da educação e dirige a Faculdade de Medicina de Olinda, fundada pela família.
Ele disse em entrevista à Reuters que começou a investir na bolsa em 2020 e atualmente detém apenas ações da Americanas em carteira, acreditando na recuperação da varejista, que entrou com pedido de recuperação judicial em 2023 após a descoberta de uma fraude contábil bilionária .
O empresário estima que no último ano e meio tenha desembolsado mais de 50 milhões de reais para comprar ações da empresa.
Sem experiência anterior em bolsa, segundo ele, Melo Neto disse que já estuda a área de renda variável há algum tempo e que acredita na capacidade financeira dos principais acionistas da Americanas, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
No início do mês, a empresa anunciou que esses três acionistas e suas afiliadas passariam a deter 49,2% das ações da Americanas após aumento de capital. Até meados de fevereiro de 2023, o trio detinha 30,12% da Americanas.
“Meu objetivo é vender as ações no futuro e ter lucro, mas não tenho pressa”, disse Melo Neto, que afirmou não conhecer pessoalmente nenhum dos três principais acionistas da empresa, embora tanto ele quanto Lemann são investidores no setor da educação.
Melo Neto disse que comprou ações da Americanas quando elas valiam cerca de 0,40 reais. Na segunda-feira, as ações da empresa fecharam a 0,62 reais.
A investigação policial sobre a fraude contábil da Americanas continua em andamento e há dúvidas sobre como a empresa sairá desse processo, visto que o impacto financeiro e reputacional foi muito grande e que o setor varejista brasileiro é muito competitivo e ágil, disse. André Pimentel, sócio da Performa Partners, que participou da reestruturação da varejista no início dos anos 2000, disse à Reuters.
(Reportagem de Luciana MagalhãesReportagem adicional de Alberto Alerigi Jr.Edição de Pedro Fonseca)
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