Por Bernardo Caram e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) – O Tesouro Nacional e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) se preparam para lançar um novo veículo de investimentos que visa estimular a fase inicial de empreendimentos sustentáveis, operando em formato de condomínio para investidores, disse o secretário do Tesouro Nacional. Rogério Ceron.
Em entrevista à Reuters, Ceron afirmou que o modelo que está sendo desenvolvido, voltado para financiar a estruturação de projetos alinhados à transformação ecológica, deverá seguir linha semelhante à dos Fundos de Investimento em Participações (FIP) e dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
O novo veículo estará vinculado à linha de crédito para estruturação de projetos verdes, anunciada pelo governo em fevereiro como uma das vertentes do EcoInvest, um programa mais amplo de atração de investimento privado externo para esta área, incluindo soluções de cobertura cambial, segundo o O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca posicionar o Brasil como protagonista na agenda ambiental e climática.
Segundo Ceron, o edital para o leilão da linha, que oferecerá condições facilitadas buscando apoiar a formatação de bons projetos, deverá ser lançado em setembro.
As instituições financeiras poderão acessar os recursos oferecidos para auxiliar na criação de novos veículos de investimento, proporcionando capilaridade e escala para acesso a financiamento de estudos e projetos.
O governo já havia dito que a linha teria prazo de 12 anos, com carência para início da devolução do principal e juros de até sete anos, o que Ceron disse ser fundamental pelo aspecto de ciclo longo característico de projetos dessa natureza .
A regulamentação da linha de crédito para projetos estruturantes deverá ser definida pelo Conselho Monetário Nacional em agosto, acrescentou.
Esta será a segunda linha de crédito de um total de quatro previstas no programa, depois de o Tesouro ter publicado na semana passada um edital para a linha de financiamento mista, que oferecerá capital público a projetos verdes que dependerão principalmente de recursos privados.
O leilão de primeira linha terá como critério a maior alavancagem do volume de recursos disponibilizados pelo Tesouro, que bloqueou a alocação de projetos de energia eólica, solar e de linhas de transmissão por entender que esses setores já estão maduros e não precisam de um pressão do governo. .
Segundo o secretário, se a alavancagem da linha mista de financiamento for em torno de dez vezes, um aporte previsto pelo governo entre 1 bilhão e 2 bilhões de dólares poderia originar um financiamento de 10 bilhões a 20 bilhões de dólares – o que corresponde a cerca de 50 bilhões para 100 bilhões de reais.
“Houve muita apetência, foi muito bem recebido”, disse. “Isto abre a possibilidade de as instituições financeiras privadas terem acesso a financiamento de médio e longo prazo para financiar investimentos produtivos, que só era acessível aos bancos públicos, ou indirectamente através dos bancos públicos.”
Em uma das possíveis modalidades dessa linha, bancos e fundos estrangeiros poderão se associar a instituições locais, o que poderá abrir acesso ao mercado brasileiro para agentes que atualmente não atuam no país, na opinião do secretário.
“Por exemplo, o mercado asiático, o mercado árabe, há provisão, há liquidez para alocação em grandes projetos, embora não tenham tanta experiência ou familiaridade com o mercado brasileiro”, afirmou.
Ceron previu que o edital de uma linha de crédito para dar liquidez às empresas e mitigar os efeitos da volatilidade cambial sairá em outubro, com a última linha de crédito do programa, destinada a promover a cobertura cambial dos bancos, com seu edital anunciado até o final do ano.
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